terça-feira, 26 de abril de 2011

Tanto para ler


Maurice Druon

Verdadeiras histórias da realeza

Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral


Na semana em que estão insuportavelmente obcecados com a família real britânica, vou mudar o foco para a família real francesa. Porque eu sou do contra, isso é fato. Mas porque a série de livros que vou falar merece toda a atenção. O escritor francês Maurice Druon pode ter feito parte da sua infância com o livro “O Menino do Dedo Verde”, que é uma história linda e com certeza já está na estante dos meus futuros filhos. Ele morreu em 2009, muito respeitado e admirado e como membro da Academia Francesa de Letras. O mesmo autor, porém, tem uma incursão para lá de adulta nos romances históricos.
É dele a coleção “Os Reis Malditos” que reúne sete volumes contando a história da realeza francesa nos séculos XII e XII. Os livros são “O Rei de Ferro”, “A Rainha Estrangulada”, “Os Venenos da Coroa”, “A Lei dos Varões”, “A Loba da França”, “O Lis e o Leão” e o “O Rei perde a França”. A história começa com Rei Felipe IV, o Belo, da casa dos Capeto, e sua guerra para acabar com o único poder que faz frente à casa real: a Ordem dos Templários. Quando os integrantes da Ordem são queimados, inicia um período de traições e mortes na França. Relação com a Igreja, luta constante com a Inglaterra e muito sangue e sexo. Esses livros foram proibidos de estar nas minhas mãos por muito tempo na casa dos meus pais, mas não chegam a ser tão pesadas não, só não são para crianças. O clima lembra o daquela série de televisão “The Tudors”, mas só esse clima tem de comum entre as histórias.
Os livros são bem mais históricos e acompanham a vida de pessoas fora do mundo da realeza e como elas vão sofrendo as conseqüências dos acontecimentos perto do trono. A casa dos Capeto governou a França por mais de 800 anos. A série se centra nos últimos reis da dinastia e termina no início do que se tornou a Guerra dos 100 anos com a Inglaterra. Depois do Felipe IV, seu filho assumiu como Luís X e governou por poucos anos. Quando o rei morre, seu irmão assume como regente até o príncipe que ainda nem tinha nascido ter idade para assumir. Aí vêm João I (que eu não vou dizer o apelido que ganhou para não contar a história), Filipe V (o Alto) e Carlos IV (outro o Belo). Eu acho os apelidos que os reis ganham uma diversão à parte.
E para quem não suporta mais notícias sobre o casamento da Cinderela/Lady Kate: durante esta semana, drible a televisão e os jornais. Segundo o pesquisador Daniel Dayan, os eventos midiáticos têm a força de fazer você crer que eles são importantes para sua vida a ponto de tudo o mais parar. Agora, se você for sugado pela força dele e achar irresistível acompanhar, diga que é um interesse histórico. Era minha desculpa para assistir a “The Tudors”.

segunda-feira, 18 de abril de 2011


No dia dele, uma confissão: "eu nunca li Lobato"


Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral


Hoje seria aniversário do Monteiro Lobato. Eu nunca li Lobato. Acompanhei as aventuras do Sítio do Pica Pau Amarelo na televisão, deixava para ocupar minhas mãozinhas gordas com outras coisas. Como revistas. Muita Turma da Mônica na veia. E Margarida. A namorada do Pato Donald tinha uma revista só dela e suas aventuras como jornalista que eu amava. Acho que isso explica muito da minha vida hoje... Por isso sou a favor das escolas passarem revistinhas como paradidáticos.
Eu culpo a vida escolar pelos traumas literários de muita gente. Uma amiga contou que passou a vida lendo “As 7 Faces do Amor”, “...da Amizade”, “...da Primeira Vez” até o dia que uma professora passou um clássico, daqueles tipo beeeem clássicos e os alunos ficaram tão assustados que compraram o livro do professor e copiaram a ficha de leitura para não ter que enfrentar aquilo. Vamos convir que um menino de 14 anos, mesmo ligado no Xbox, Wii e Blackberry, vai ter certa dificuldade em encarar um Dom Casmurro sem nenhuma preparação. Aliás, muitos adultos desistem desse livro.
Tive muita sorte com meus professores de literatura. Na quinta série, hoje sexta, os livros vinham alternados. Um bimestre (ainda tem bimestre?) era um “Para Gostar de Ler” com crônicas, depois era um de contos mais atual (um que falasse de aventuras e namoro), aí vinha um clássico fácil como contos do Machado de Assis, ou “A Moreninha”, ou “A Pata da Gazela”.
E nisso o ano seguia e não dava para ninguém criar abuso de um tipo específico de livro.

Já na oitava série, hoje nona, a professora teve a brilhante idéia de nos dar o poder. Ela apresentou três livros para a turma, um romance contemporâneo, um romance clássico e outro de contos. A brincadeira era: você lê qualquer um dos três. Escolha. Seu trabalho e sua prova serão direcionados para aquele que você mesmo escolher. Sucesso de audiência! E, por estranho que seja, a maioria escolheu o clássico. Acho que da minha turma fui a única que optei por “O Último Mamífero do Martineli”, do Marcos Rey.
Um autor que eu amava e conheci como paradidático foi o Pedro Bandeira. Ele tem uma série de livros com aventuras dos Karas: “A Droga da Obediência”, “Anjo da Morte” e "Pântano de Sangue”. Os Karas eram um grupo de adolescentes de uma escola fantástica que podia fazer de um tudo. Eles enfrentavam vilões descendentes do Hitler e lutavam ontra traficantes no Pantanal, tinham código secreto (tênis-polar, nunca esqueci), sinais de espionagem e tudo.
O autor também tem um enorme número de obras para adolescentes que são adaptações brasileiras de clássicos como “Hamlet” (“Agora estou sozinha”) e “Cyrano de Bergérac”
(“A Marca de uma Lágrima”). Adaptações cheias de ação. Em “A Marca de uma Lágrima”, enquanto Isabel escreve cartas para a amiga entregar ao primo por quem é apaixonada, ela tenta descobrir quem matou a diretora da escola, encontrada morta numa sala de aula.
Não acompanho os paradidáticos atuais porque não tenho ninguém na família nesta idade,
mas eu espero que as escolas estejam abraçando Pedro Bandeira, Marcos Rey e A Turma da
Mônica. Espero que estejam passando “A Rabeca Encantada de Violina” de Adriana Alcântara e “O Mistério da Bailarina Fantasma” de Socorro Acioli porque passou da hora de conhecer nossos escritores locais. E porque eles são muito divertidos e ler tem que ser assim.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Farol: Lugares e palavras



“Fortaleza está cada mais coalhada de prédios luxuosos cujo maior valor agregado, além da localização geográfica em áreas nobres, é uma onerosa vista-mar. Custa muito caro vislumbrar o oceano ao acordar, da própria varanda ou sala de estar. Pois bem, vamos saber como vivem as pessoas com baixo poder aquisitivo que nasceram ou vivem de frente para o mar, com “um oceano inteiro para nadar”. Sua relação com a praia, os frutos - concretos e simbólicos - dessa proximidade com a natureza, seus hábitos, suas formas de convivência, sobrevivência e invenção. O que o mar leva e traz? Fortaleza é uma grande embarcação? Uma jangada de pedra? Como navegar à deriva e contra o vento da excludente especulação imobiliária? O livro Jangada de Pedra, de Saramago, é inspirador. E, em se tratando de imagens, a pauta remete a um trabalho em artes visuais que passou por aqui, onde a artista posicionava espelhos diante das casas populares de forma que refletissem o mar... Efeito incrível... Podemos ir na linha desse efeito? Bom, nem preciso dizer que o Titanzinho é a nossa praia preferencial para a pauta, embora não precisemos nos restringir ao Serviluz”.

Eis a gênese da pauta principal da quinta edição da revista Farol, publicação da Prefeitura Municipal de Fortaleza, editada através da Secultfor. Em 2011, a revista que sai do prelo no mês de aniversário da cidade dedica sua reportagem de capa a quem mora modestamente com vista para o mar. Entre estados de contemplação e relatos de profundo mergulho no cotidiano praieiro, a reportagem caminha sobre as areias do Titanzinho, Pirambu e Barra do Ceará, investigando, sob a perspectiva do afeto, como o lugar afeta a pessoa e vice-versa. Totalizando seis reportagens, a revista também conta sobre a discreto charme de um cinema de bairro; um certo Maximiniano do Pandeiro; os andarilhos e suas “virações” diárias e as agruras risíveis de torcedores fiéis até morrer...
Com periodicidade quadrimestral, a revista Farol é lançada no próximo dia 18 de abril, a partir de 19h30min, no Passeio Público, centro da cidade, encerrando a programação de um dia inteiro dedicado ao livro e à leitura, na esteira da Festa do Livro e da Rosa. De caráter cultural e antropológico, a publicação aposta na força da grande reportagem e do texto narrativo, próximo da crônica, para contar sobre a cidade através das histórias de vida de seus moradores, que reinventam o próprio cotidiano. A ordem também é dar visibilidade a uma parcela da população economicamente desfavorecida que pouco ou nunca é objeto de interesse da grande mídia, cujos olhos estão voltados prioritariamente para o que é consagrado por uma indústria cultural de viés fortemente mercadológico.
Distribuída gratuitamente entre grupos sociais organizados, associações de moradores, meios de comunicação (massivos e alternativos), centros culturais, ONGs de caráter sócio-cultural, universidades, professores da rede pública de ensino, secretarias municipais, órgãos governamentais diversos e lideranças comunitárias, Farol também é termômetro e instrumento norteador para o desenvolvimento de políticas públicas mais afinadas com as demandas e modos de vida das comunidades.
Com tiragem de 25 mil exemplares, a primeira edição da revista Farol foi lançada em outubro de 2006. Atualmente, conta com um Conselho Consultivo de Leitores interdisciplinar, formado por representantes do poder público e da sociedade civil. Essa instância de caráter crítico-participativo vai ao encontro da própria razão de ser da revista, que transcende sua própria publicação e toma para si o desafio de intensificar fóruns de discussão informais nas mais diversas comunidades e entre coletivos, com o intuito de intensificar o debate público sobre a cidade que temos e a que queremos. Portanto, o debate sobre a revista é o debate sobre a cidade, suas fragilidades e potencialidades. E esse diálogo quer se tornar possível em contextos, suportes e situações diversas.



FONTE: Assessoria de Comunicação Secultfor - 31051386 // 88998705

Festa do Livro e da Rosa, dia 18, no Passeio Público

Em sua sexta edição e promovida pela primeira vez pela Prefeitura de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura de Fortaleza, a Festa do Livro e da Rosa desabrocha ao longo de um dia inteiro no Passeio Público, próximo dia 18 de abril, segunda-feira, a partir de 8h30min. Como parte da política de incentivo ao livro e à leitura, implementada pela Coordenação de Literatura da Secultfor, o encontro, aberto ao público, prevê conversas entre escritores, rodas de leituras, lançamentos literários, oficinas e, claro, distribuição de rosas.
Em Fortaleza, a Festa do Livro e da Rosa, evento de fomento à leitura, antecipa a comemoração oficial do Dia Mundial do Livro e da morte de Miguel de Cervantes, em 23 de abril. Na Catalunha, o 23 de abril, além de ser o dia do padroeiro, Sant Jordi (São Jorge em catalão), é também o dia das rosas e dos livros. A tradição consiste em oferecer rosas e livros às pessoas que se estimam. Com quase 80 anos de existência, atrai leitores de todas as idades e o interesse absoluto de todas as livrarias da cidade, que montam stands nas principais ruas de Barcelona, enquanto os vendedores de rosas se espalham por praças e esquinas. Não é feriado, mas as pessoas saem mais cedo do trabalho para comprar o livro a ser dado de presente, o que confere um clima festivo ao lugar.
A programação local tem início a partir da contação de histórias do Grupo Era Uma Vez. Ao longo da manhã, o RPG também ganha espaço no Passeio Público, assim como as oficinas e os lançamentos literários. Mas o ponto alto da manhã promete ser o lançamento oficial da II Feira do Livro Infantil de Fortaleza. A II Feira do Livro Infantil de Fortaleza ocorrerá na Praça do Ferreira, coração da cidade, de 14 a 17 de setembro de 2011. O objetivo do evento é promover as literaturas cearense e brasileira e incentivar a leitura entre crianças e jovens, além de fortalecer o caminho para democratização do mercado produtivo do livro na região Nordeste e oferecer oportunidade a novos autores e ilustradores da literatura infantil e juvenil.
Nesta edição, a Feira terá espaços de leituras, atrações nacionais e a distribuição de 4.000 livros para crianças de escolas públicas de Fortaleza e região. Entre as atrações confirmadas para este ano, os escritores e contadores de histórias Giba Pedrosa (SP) e Rosana Mont'alverne (MG), além do palhaço Glauter Barros (RJ) e do mímico Jiddu Santana (RJ).
A tarde também reserva momentos para refletir o aqui e agora. Com a mediação do coordenador de Literatura da Secultfor, Urik Paiva, o Encontro dos Pontinhos de Cultura e Pontos de Leitura promete acender o debate sobre os resultados de uma parceria firmada entre sociedade civil e os poderes públicos municipal, estadual e federal. A partir de 16h30min, é o próprio Passeio Público que protagoniza o debate público com a medição da professora Cleudene Aragão e participações dos escritores Angela Gutierrez, Vania Vasconcelos e Raymundo Netto, além de Thereza Leite e a Coordenadora do Passeio Público, Renata Onofre.
O pôr do sol chega com Carlinhos Perdigão, que lança o livro “Fragmentos” e faz uma apresentação musical. Além do som, a dança: o Programa Intercâmbios leva ao Passeio os espetáculos “Um Punhado de Corpo-Terra”,com Marina Carleial e “Interferências”, com o Núcleo DOC Dança. No encerramento da festa, o lançamento da quinta edição da Revista Farol promete outras horas de namoro e enlevo com a leitura.
Acreditando que as ações de fomento à leitura são fundamentais para o desenvolvimento das noções de cidadania e da preservação dos direitos culturais, a Prefeitura de Fortaleza vem apostando na ampliação do universo da leitura no público infanto juvenil através de várias instrumentos pensados para democratizar o acesso dos livros e construir uma via de oportunidades a novos autores e ilustradores da literatura infanto-juvenil.


Programação:
8h30 - Contação de histórias com o Grupo Era Uma vez
8h30 - Início do RPG com o grupo Vila do RPG
9h30 - Oficina de criação literária com o escritor Almir Mota
10h - Lançamento do livro Histórias de Roça, ciranda cirandinha venha o monstro cirandá, de Elias de França com Ilustrações de Daniel Diaz
10h30 - Oficina de Desenho com o ilustrador Ramon Cavalcante
11h - Lançamento oficial da II Feira do Livro Infantil de Fortaleza
14h - Contação de histórias com o Grupo Era Uma vez
14h - Encontro Pontinhos de Cultura e Pontos de Leitura - Mediação: Urik Paiva
14h30 - Oficina de Criação literária com o escritor Almir Mota
15h30 - Oficina de Leitura e Produção de Brinquedo com Luana Oliveira
15h30 - Oficina de desenho com o ilustrador Ramon Cavalcante
16h30 - Travessias Literárias – mediação: Cleudene Aragão. O Passeio Público no tempo e nas artes com os escritores Angela Gutierrez, Vania Vasconcelos e Raymundo Netto; Thereza Leite e a coordenadora do Passeio Público, Renata Onofre.
18h - Apresentação musical com Carlinhos Perdigão, que também lança o livro “Fragmentos”
19h - Programa Intercâmbios - apresentação dos espetáculos de dança Um Punhado de Corpo-Terra,com Marina Carleial e Interferências, com o Núcleo DOC Dança
19h30 - Lançamento da quinta edição da Revista Farol.



SERVIÇO:
Festa do Livro e da Rosa – Dia 18 de abril, segunda-feira, de 8h30min às 21h. No Passeio Público (rua Dr. João Moreira, s/n – Centro – próximo à Santa Casa de Misericórdia). Entrada franca.


FONTE: assessoria de comunicação da Secultfor: 3105.1386/8899.8705.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Tanto para Ler





Os livros que são de todos nós

Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral

Eu tenho um amigo que numa distante juventude roubava livros. Não, não era bonito. Ele e um amigo, parceiros no crime, descobriram da pior forma que a antiga Siciliano do Iguatemi fazia queixa policial e encarcerava sem peso na consciência os amantes da literatura de mãozinhas espertas. Mas o que eu achava mais interessante neles, os larápios, era que havia um código: nunca de bibliotecas.


Quando eu vou numa biblioteca e pego um livro rasgado ou com as páginas marcadas com caneta, sempre lembro desses dois. As bibliotecas eram sagradas porque aí não estariam roubando de uma pessoa mas de todas as outras que poderiam ter acesso àquela obra. Eu gostaria que mais gente pensasse assim. Na biblioteca da minha faculdade do mestrado uma funcionária me mostrou uma vez um livro de história, desses de capa dura e páginas costuradas, completamente rasgado no meio. Alguém roubou algumas páginas e ainda destruiu o livro.


E quem pega livro de biblioteca e esquece de devolver o resto da vida? Leva a mal não, mas isso tem nome: roubo. E pior, como o livro já está presente no catálogo, ele não vai ser comprado de novo tão cedo. Os novos pedidos que ganham prioridade. Ou seja, você praticamente eliminou o livro dela.


Aqui em Fortaleza de vez em quando alguém me diz que não existem boas bibliotecas públicas. Mas não consigo achar uma só pessoa que tenha o cartão da Biblioteca Governador Menezes Pimentel. Eu não tenho. Até já tive, muito tempo atrás, mas venceu e nunca mais pisei nela. Mas lembro da ápoca em que eu ia, e encontrava vários títulos da literatura cearense que me interessavam muito. De graça.


Um acervo de literatura muito bom também tem a Biblioteca de Humanidades da UFC. Apenas alunos podem fazer empréstimos, mas o acesso dentro da biblioteca é livre e gratuito. E ela está toda climatizada. Dá para dedicar uma tarde tranquila à literatura. Eu que não ando em busca de biblioteca em Fortaleza, já conheço essas três. Imagine quantas devem haver. Alguém tem mais alguma para indicar?


Pela democratização da leitura e dos livros, esses locais são essenciais para uma cidade. E essencial também é tratar todos os outros frequentadores com respeito ao manusear um livro de biblioteca. Quebre esta caneta e mantenha longe dos livros. E para ter algumas páginas da obra já inventaram máquina copiadora. Lembre dos meus amigos: por mais caro que um livro seja, de bibliotecas não se rouba! E se for roubar de outro local, tenha um bom advogado. Aliás, já ouviu falar de sebos?

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Desafio Ler com Prazer

Os sebos são aqueles lugares pelos quais o público desenvolve uma certa afeição. Uma coisa meio "o meu sebo de coração"... E quem diria que esse espaço poderia se desenvolver - e ganhar milhões de adeptos - na internet. Mas o site Estante Virtual conseguiu essa proeza. 

O site defende que "toda maneira de ler vale a pena" e é com esse mote que lançou o Desafio Ler com Prazer, uma projeto pela reinvenção da leitura. O desafio dado ao internauta é a criação de um vídeo que mostre justamente essa reinvenção, a leitura sem amarras. 

O vídeo deve ter, no máximo, um minuto. Uma comissão formada pela equipe da Estante Virtual vai selecionar os 10 melhores vídeos que irão à votação popular no canal do site no Youtube. O primeiro lugar ganha uma viagem com acompanhante e - assim como os 2º e 3º lugares - um vale-livros.

As inscrições seguem até dia 25 de abril. Conheça o regulamento em www.estantevirtual.com.br

terça-feira, 5 de abril de 2011

Tanto para Ler

Cidades da Literatura


Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral


Muito se fala sobre aumentar o número de leitores brasileiros, incentivar consumo de livros e valorizar a literatura. Infelizmente, muito se fala, pouco se vê. No ano passado, conheci algumas iniciativas em outros países que me mostraram que é bem simples, e nada caro, trabalhar a literatura para a população local. Vou comentar minhas duas preferidas.
A primeira foi em Lisboa, Portugal. A vida cultural da cidade em si já tem um número considerável de iniciativas, como o festival de apresentações musicais gratuitas durante o verão em parques e praças. O parque perto de onde morei passava filmes à noite num telão ao ar livre. Você levava uma toalha para sentar na grama ou sentava nas cadeiras que eles montavam e curtia o verão.
Algum órgão de poder público que não lembro aproveitou o aniversário do Fernando Pessoa e montou quiosques na cidade com áudio das poesias. Você deixava seu documento de identidade no quiosque e retirava o gravador com fones e um mapa. A partir daí, tinha o resto do dia para ouvir as poesias do Fernando Pessoa sobre Lisboa nos próprios locais da cidade. Tanto valorizava a obra do poeta como recuperava muito das áreas de Lisboa que foram tão importantes para a literatura portuguesa.
O Museu de James Joyce, em Dublin, Irlanda, também tem esse serviço, só que pago. Você aluga um gravador com fone e o mapa da cidade e pode reservar um dia da sua viagem para fazer o percurso de protagonista do livro “Ulisses”. Em Dublin também está a segunda iniciativa que me apaixonou.
O projeto chama-se “One City, One Book” (http://www.dublinonecityonebook.ie/). Uma cidade, um livro. O conceito é tão simples como o nome. Durante um mês, especificamente abril, é escolhido um livro para ser lido por toda a cidade. Como? O Serviço de Bibliotecas Públicas do Conselho da Cidade de Dublin seleciona uma obra. Este é o sexto ano e desta vez o livro escolhido foi “The Ghost Light”, de Joseph O’Connor. A única prerrogativa para a seleção é que tem que ser de um autor nacional.
Daí em diante, todas as bibliotecas públicas da cidade preparam eventos sobre o livro. As escolas públicas e particulares fazem atividades com este tema. Os jornais publicam matérias e resenhas sobre a obra e as livrarias fazem vitrine especial para ela. Viu? Nem foi caro. As instituições só direcionaram atividades que elas já fariam para convergir com a obra. Como é anunciado com antecedência, algumas companhias de teatro já preparam peças sobre a obra para estrear em abril. E os canais de televisão fazem programas e cobrem tudo.
Uma cidade inteira lendo e discutindo apenas um livro. Não por acaso Dublin foi a quarta cidade a receber da Unesco o título de “Cidade da Literatura”. Edinburgo (Escócia) foi a primeira a ser escolhida, seguida por Melbourne (Austrália) e Iowa (Estados Unidos). Alguns dos critérios do título são quantidade e qualidade de projetos de incentivo a literatura, ambiente que propicie a leitura, eventos literários e envolvimento da mídia e da população no assunto. E aí? Já conseguiu pensar em alguma cidade brasileira que se candidate?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dedo de Prosa


Adriana Lisboa


Romance como tese

Por Cristina Carneiro
cristinacarneiro@dedodemocaseditora.com.br
@criscalina
 
Não tem perigo de não ter, em entrevistas com autores literários, aquelas perguntas básicas: De onde veio a inspiração? Como é o seu processo de criação? E para a mesma pergunta, evidentemente, há milhares de respostas. Há escritor que diz ter sido tomado, no meio da noite, por um arroubo inspirador. Outros dizem que escrever é pura transpiração. E tem aqueles que dizem que são as duas coisas, arroubo inspirador e muito trabalho. O fato é que, quando lemos um romance, cogitamos – ou queremos - que ele tenha surgido de um momento epifânico ou de um sentimento qualquer. Não é comum pensarmos que o livro nasceu de uma tese de doutorado ou de uma dissertação de mestrado, ou mesmo de uma monografia de conclusão de curso, mas acontece.

Adriana Lisboa é um desses casos que escreveu romances ficcionais a partir de seus trabalhos acadêmicos. Adriana transformou tanto a dissertação de mestrado como sua tese de doutorado em romances. A dissertação de mestrado de Adriana, pela UERJ, foi a base do romance “Um beijo de colombina”. Já o doutorado rendeu o romance “Rakushisha”, editado a partir do corpo da tese “O viajante - o diário de viagem Oku no Hosomichi, de Matsuo Bashô”, também pela UERJ.

A escritora Tatiana Levy também já caminhou por essas veredas. Tatiana lançou em 2007 o livro “A Chave de Casa” (Record), que, antes de ser lançado como romance, serviu para defender seu objeto de pesquisa no doutorado em Estudos de Literatura pela UFRJ. Com “A Chave de Casa”, Tatiana ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura em 2008, na categoria autor estreante.

Mas não é só tese e dissertação que vira livro de ficção. Julián Fuks fez da sua monografia de conclusão do curso de jornalismo na USP um livro de contos e crônicas: “Histórias de literatura e cegueira” (Record, 2007). Neste livro, a partir da vida e da obra dos escritores Jorge Luis Borges, João Cabral de Melo Neto e James Joyce, Fuks constrói histórias fragmentadas de momentos possíveis da vida de cada um desses escritores.

É verdade que esses casos não são comuns. Argumentar ficcionalmente um objeto acadêmico é coisa rara. É raro, inclusive, orientador que aceite a empreitada. Mas, já nos anos 70, o escritor Esdras do Nascimento defendeu, na UFRJ, aquele que é tido como o primeiro romance-tese brasileiro, “Variante Gotemburgo”. O livro é um romance (encontrável só na Estante Virtual) sobre a construção de um romance.

Não é ficção, mas tem lá seu quê de literário
Quando esta colunista estava para terminar de escrever o que foi escrito acima, descobriu que o livro-reportagem que será lançado no próximo dia 8 de abril - Histórias de Beco: quando a poeira assenta, entrevemos rostos, punhos e corações”, de Mayara de Araújo -tem lá sua ousadia literária, mesmo sendo um trabalho acadêmico. “Histórias de Beco”, apresentado como trabalho de conclusão de curso de jornalismo de Mayara de Araújo, foi considerado, pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, a melhor produção acadêmica de livro-reportagem do país em 2010. O livro, no entanto, não é uma simples grande reportagem, é um livro heterogêneo, que conta a história do Beco da Poeira e seus personagens pré-transferência por meio de matérias, contos e crônicas. O lançamento acontece às 19h do dia 8/4, no Museu de Artes da UFC, durante a II Semana de Jornalismo da UFC.