Harry Potter e os clássicos
Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral
Na semana da estreia do último filme a retratar a série de livros da escritora inglesa JK Rowlling, vamos rememorar a historinha dos bruxos mais pops da atualidade. Harry Potter era um menino comum, que morava num cubículo embaixo da escada da casa dos tios, que o detestavam. Não ia para escola, não tinha amigos, brinquedos e passava fome. De repente, no aniversário de 11 anos, recebe uma carta afirmando que ele na verdade é um bruxo e tem vaga garantida na escola para bruxos Hogwarts. Quando chega lá, o menino descobre que é muito famoso pois um bruxo muito ruim chamado Lorde Voldemort matou os pais de Harry e tentou matá-lo, mas por motivos inexplicáveis não conseguiu e quase foi destruído deixando uma cicatriz em forma de raio na testa do rapaz.
Bom, esta foi a premissa da história que chegou ao Brasil em 2001 com “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Neste e nos seis livros seguintes, Harry e os amigos Rony e Hermione enfrentam todo tipo de bicho e feitiço do mal para tentar destruir de uma vez por todas Voldemort. Transformado em fenômeno pop atual através de uma extensa e intensa campanha de marketing e pelos filmes produzidos, os livros da série HP são recorde mundial de leitura.
De acordo com a tese “A Literatura Infantil no Contexto Cultural da Pós-Modernidade: o caso Harry Potter”, de Patrícia Pitta no Doutorado em Letras na PUC/RS (e não é a única que você encontra na Internet sobre ele), os livros já foram traduzidos em mais de 60 idiomas, incluindo grego clássico, latim e gaélico, em mais de 200 países. Em março de 2006, bateu a marca de 300 milhões de exemplares comercializados.
E tanta conversa sobre marketing corre o risco de enevoar o que considero o mais importante da série: 300 milhões de exemplares vendidos. Num mundo de Wii, Xbox, IPad, IPhone e todos os estímulos eletrônicos, esse número é um passe de mágica. Eu costumo contar sempre a história da minha prima com o Harry (íntimos). Eu fui ler o livro para ela, fazendo vozes dos personagens para empolgá-la porque eram quase duzentas páginas sem nenhuma figura e ela tinha 10 anos. Não só o rapaz conquistou a menina, como no segundo livro ela já lia para mim alguns capítulos e do terceiro em diante, lia antes de mim.
A popularidade dele ganhou até a benção do Papa. Ao comentar o sexto filme da série, “Harry Potter e o Príncipe Mendigo” o Vaticano elogiou a forma como o bem e o mal estão claramente distintos na obra, o modo como o protagonista escolhe lutar pelo bem e por seus amigos e o tratamento “responsável” dado à questão do romance.
Enfim, logo os filmes ficarão ultrapassados em tecnologia, os atores superados por novos ícones juvenis e a moda Potter vai ser substituída por outra tendência. Os livros da série, no entanto, merecem continuar nas estantes das próximas gerações ensinando mais crianças a devorar suas páginas para descobrir se nosso herói vai conseguir sobreviver à luta contra o mal. Essa história, como todos os clássicos, não envelhece. E eu creio que nós vimos nascer na nossa geração um clássico da literatura infanto-juvenil. Daqui a cinquenta anos, a gente volta a falar sobre isso.
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