terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Prefeitura de Fortaleza lança Editais das Artes e de Comunicação

Em 2011, a Secultfor lança um conjunto de dez editais das artes. Pela primeira vez, também serão abertas inscrições para o Edital de Comunicação Popular e Alternativa

  
A Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secultfor, finaliza o ano de 2011 com uma ação simbólica de afirmação da cultura através do lançamento dos Editais das Artes, no próximo dia 16, a partir de 18h, no Passeio Público. Base de sustentação da política cultural em curso, o conjunto de dez editais, voltado a diferentes linguagens artísticas, se consolida como instrumento eficaz e democrático de aplicação direta de recursos públicos na área.

Cada edital é fruto de discussões sistemáticas e continuadas com os segmentos artísticos, seja através de indivíduos e coletivos ou entidades representativas legalmente constituídas. Assim, os conteúdos e decisões são pactuados, respeitando demandas e interesses dos artistas e as potencialidades e limitações do poder público municipal. Portanto, desde 2006, início da atual gestão municipal, os editais não só incentivam o fomento à cadeia produtiva da cultura como representam a porta de entrada direta e sempre aberta para o exercício coletivo da cidadania cultural.

Neste ano, serão investidos R$ 2.920.000,00 contemplando as seguintes linguagens artísticas: Artes Visuais, Audiovisual, Arte e Cultura Digital, Culturas Tradicionais Populares, Circo, Dança, Fotografia, Literatura, Música e Teatro. Os recursos serão distribuídos da seguinte forma: Artes Visuais, Fotografia e Audiovisual recebem cada um R$ 300 mil; Arte e Cultura Digital e Circo, R$ 200 mil; Dança e Teatro, R$ 330 mil; Literatura, R$ 250 mil; Música, R$ 350 mil; e Culturas Tradicionais Populares, R$ 360 mil.

Os Editais das Artes irão selecionar um número mínimo de projetos nas 10 diferentes linguagens artísticas. Em Artes Visuais, serão 12; em Arte e Cultura Digital, Dança e Fotografia, um mínimo de 10, cada; em Literatura, mínimo de 22; em Música, 27; em Circo, mínimo de 14; em Culturas Tradicionais Populares, até 32; em Teatro, 9; e em Audiovisual, mínimo de 21. Uma boa notícia para os proponentes: todas as parcelas serão pagas em uma única vez.

Além dos Editais das Artes, será lançado o Edital de Comunicação Popular e Alternativa. Esse é o primeiro edital de comunicação lançado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, um compromisso de campanha reafirmado nas Conferências Municipais de Comunicação. "O único viabilizado com recursos próprios do Município no Brasil", segundo Joana Dutra, da Coordenação de Comunicação Popular e Alternativa da PMF. No total, R$ 160 mil serão aplicados em iniciativas de comunicação popular, alternativa, comunitária e participativa.
As inscrições para todos os editais seguem de 15 de dezembro de 2011 a 15 de fevereiro 2012. Somente as inscrições para o edital de Culturas Tradicionais Populares seguem até o dia 9 de março de 2012.

Os Editais das Artes estão consolidados como instrumentos eficazes de democratização dos recursos públicos aplicados em cultura. “Os editais são uma das mais importantes marcas da gestão da Prefeita Luizianne Lins na área cultural. Nessa gestão foi estabelecida, pela primeira vez em Fortaleza, uma política de transparência e igualdade de oportunidades de acesso aos recursos da cultura, através dos editais”, afirma a secretária de Cultura de Fortaleza, Fátima Mesquita.

De acordo com ela, os editais são resultado de uma ampla discussão entre o poder público municipal e artistas de diversos segmentos e produtores culturais. “Outra marca dessa gestão é o diálogo com a sociedade e essa diretriz norteia também a concepção dos Editais das Artes, que são indispensáveis ao fomento e à circulação da produção cultural em Fortaleza”, explica.

Por meio de concursos públicos, projetos artísticos concorrem entre si, sendo avaliados por comissões de seleção especializadas. Pessoas físicas residentes em Fortaleza e jurídicas sediadas na capital estão aptas a concorrer aos editais, levando em conta os critérios estabelecidos em cada um deles. O investimento da Prefeitura de Fortaleza prevê contrapartidas capazes de garantir ao maior número de pessoas acesso aos eventos e produtos culturais gerados a partir dos editais. É imperativo, portanto, que todos os eventos financiados pelo erário municipal aconteçam em espaços públicos e sejam gratuitos.



SERVIÇOLançamento dos Editais das Artes e Edital de Comunicação Popular e Alternativa, no dia 16 (sexta-feira), às 18h, no Passeio Público (rua Dr. João Moreira, s/n – ao lado da Santa Casa de Misericórdia).

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Tanto para ler - Entre Katrina e Columbine

Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral

O prêmio de literatura nacional dos Estados Unidos, National Book Awards 2011, foi conquistado pela autora Jesmyn Ward com a ficção “Salvage The Bones”. A história retrata uma comunidade norte-americana atingida pela passagem do furacão Katrina, no Mississipi, e recebeu excelentes críticas desde seu lançamento. No discurso de agradecimento, Jesmyn disse que foi inspirada a seguir seu sonho de se tornar escritora depois da morte de seu irmão, que foi atingido por um motorista bêbado no ano em que ela se formou na faculdade.


Para a escritora, “livros são um testemunho de força ante um mundo punitivo”. E assim, os acontecimentos do furacão e o que os sobreviventes enfrentaram em seguida (roubos, assassinatos e estupros dentro dos locais de refugiados) culminaram no que foi considerado o romance mais importante do ano naquele país.


Esse é um testemunho que muitas vezes aparece no discurso de pessoas relacionadas com a arte. Ela é nosso estandarte contra a perenidade da vida. Achei interessante, no entanto, pensar no sentimento de perda e vazio que gera a arte. Se Sócrates não tivesse sido condenado à morte, nós teríamos a “Alegoria da Caverna”? Talvez sim, mas talvez o texto não estivesse tão apaixonantemente escrito se Platão não tivesse vivido a dor de perder seu mestre.


Os assassinatos brutais de crianças em uma escola norte-americana em Columbine provocou a autora Lionel Shriver a mergulhar na sociedade que cria assassinos mirins. Assim como Michael Moore fez no documentário “Tiros em Columbine”, ela traz uma abordagem diferente do acontecimento que não tem nada de “videogames provocam violência” ou “culpe a televisão”.


A mãe de Kevin Khatchadourian, o assassino, escreve cartas para o pai ausente do menino e nelas discute a criação do filho, o relacionamento entre eles e suas próprias escolhas de vida dentro de uma sociedade dominada pelo senso de absurdo. O livro é controverso e discute se a própria decisão da maternidade tem muito a ver com nossas atuais crianças. A história, que não é real, tem elementos de vários desses crimes que, infelizmente, tornaram-se recorrentes nos Estados Unidos.


Não uma face bonita da nossa humanidade para ser eternizada, mas uma provocação em resposta ao que vivemos. Seria mais agradável viver num mundo só com o lado da Comédia. Mas se vamos ter que enfrentar a Tragédia, que ela dê frutos de reflexão, pelo menos. Enquanto isso, já estou aguardando a tradução do livro da Jesmyn Ward aqui no Brasil.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Tanto para ler: As leis e os livros

Eugênia Cabral
@eugenimcabral


A gente costuma dizer que não se legisla a favor da cultura no Brasil. Verdade apenas em parte. Tem projetos interessantes. Só que não sabemos, não cobramos, não acompanhamos. De um ano para cá, por conta de um novo trabalho, se abriu diante dos meus olhos o mundo legislativo brasileiro. Confesso que não tinha a menor ideia do que se passava em nenhuma esfera de poder além do que era publicado nos jornais. Descobri que todos os dias vários projetos, muitos que me interessam pessoalmente, são colocados em pauta. E se eu ficar dependendo só da pauta da imprensa, demorarei a conhecê-los.

Agora em outubro, o deputado federal Izalci Ferreira (PR-DF) fez uma indicação (INC 1802/2011) ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para a inclusão de livros nas cestas de alimentos distribuídas por meio dos programas sociais. Não seria uma iniciativa ótima? Além de receber apoio alimentar, eles poderiam ter acesso a obras brasileiras. Muitos não saberiam ler, outros não teriam interesse. Despertariam, porém, para outra proposta de acesso e incentivo à literatura.

Esta proposta é uma reformulação de outra que o senador Cristovam Buarque (PDT/DF) fez em 2009: o Projeto de Lei 5161/2009 instituía a Cesta Básica do Livro para alunos do Ensino Fundamental e Médio da rede pública que funcionaria da mesma forma que a cesta alimentar. A Comissão de Educação e Cultura rejeitou e a Mesa Diretora arquivou.

E alguém sabia que de acordo com uma Norma Jurídica de 2009, Taubaté, em São Paulo, é a "Capital Nacional da Literatura Infantil"? Roberto Alves (PTB/SP) foi o autor e eu não sei nem onde essa nossa Capital Nacional fica no mapa...

Outro projeto que está em trâmite é o de Marcelo Almeida (PMDB-PR), o 7263/2010 cria o Prêmio José Ephim Mindlin, para escolas “públicas ou privadas, de ensino fundamental ou médio, que desenvolvam atividades curriculares relevantes ligadas ao livro e à leitura”. O PL está sendo avaliado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), que tem obrigação de conferir se os PL’s não ferem a Constituição e nem outras leis anteriores a eles.

Na Câmara dos Deputados, a Comissão de Educação e Cultura é encabeçada por representantes do Nordeste: Fátima Bezerra (PT/RN) é a presidente; Lelo Coimbra (PMDB/ES) é o 1º Vice-Presidente, Artur Bruno (PT/CE), o 2º Vice-Presidente; e Alice Portugal (PCdoB/BA) ocupa a posição de 3º Vice-Presidente. O que será que esse time anda fazendo pela literatura no Nordeste? Todos os projetos, normas e indicações feitas podem ser lidas na íntegra em www.camara.gov.br. Recomendo dar uma passada de olhos por lá de vez em quando. Leitura instrutiva e eu já achei verdadeiros épicos naquelas páginas...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Tanto para ler: Bonecas russas


 
Eugênia Cabral
@eugeniamcabral


Eu tenho descoberto que estes textos para a Dedo de Moças viraram um verdadeiro termômetro da minha vida. Quando eu perco o controle por um segundo, a semana passa sem ele. E quando se uniu uma viagem à correria, passaram algumas semanas sem que eu semvergonhamente desse as caras por aqui. Perdão. Eu passo batido mas não é por descaso. Retomemos. Sempre retomemos, aliás.

Ontem, minha prima se indignou quando viu uma propagada de “O Morro dos Ventos Uivantes” na revista da Avon: “O livro preferido de Bella e Edward da série Crepúsculo”. A raiva foi ver um clássico como o romance de Emily Brontë reduzido a uma indicação da série de vampirinhos adolescentes. Eu concordo em gênero, número e grau que é rebaixar a obra. Mas a Avon vender livros por aquelas revistas, eu acho ótimo. Se precisar relacionar com os vampiros da moda para fazer a Emily ser lida, estou dentro.

Nunca li “Crepúsculo” (falha séria com leituras in da atualidade) mas particularmente adoro quando estou lendo um livro que me traz informações de outro livro. Um dentro do outro nos permitindo uma degustação dos protagonistas e suas histórias. Por exemplo, terminei de ler “A Elegância do Ouriço”, de Muriel Barbery, desesperada para ler “Anna Karenina”, de Tolstói. Também de conhecer um diretor japonês cujo nome agora não me recordo mas é muito comentado na história.


“As Horas”, de Michael Cunningham já é por si um romance maravilhoso (muito bem adaptado por sinal). Os pedacinhos de Virginia Wolf que vão se soltando dele podem servir de ponte para toda sua obra, mas remetem diretamente à “Mrs. Dalloway”.

Há livros especialmente feitos para evocar outros. Em “O Leitor”, Bernhard Schlink um adolescente de 15 anos tem seu primeiro caso amoroso com uma mulher. Seu ritual de encontros envolve a leitura em voz alta de livros como “Odisséia”, de Homero, “Guerra e Paz”, de Tolstói e “A dama do cachorrinho” de outro russo, Anton Tchékhov. Tirando Odisséia que já li, todos entraram na lista de 2012 (vejam como só vai dar Tolstói...).

Às vezes, o livro nem cita o outro, mas traz tanto de seus elementos que se faz necessário ir atrás da segunda obra. José Saramago construiu “A Caverna” praticamente tricotando com Kafka. Aí fica aquela sensação de: “eu devia ler “O Castelo” para completar essa história... Aviso justo aos navegantes já que uma amiga só descobriu depois de 600 páginas: o referido texto é uma obra inacabada. Não que eu achasse que Kafka ia dar fim ao sofrimento do agrimensor. Fica a critério de quem for encarar.

“Cartas para Julieta”, de Ceil Friedman e Lise Friedman, não tem a ver com a história do filme. Realmente chegam à Verona milhares de cartas direcionadas a Julieta e um monte de voluntárias se encarregam de responder. O livro mostra algumas cartas, as voluntárias e como a cidade construiu o mito que culminou na história imortalizada por William Shakespeare: “Romeu e Julieta”. Desafio a qualquer pessoa não correr para ler, ou reler, o clássico depois de descobrir as histórias de Verona. E vale a pena.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tanto para Ler: Dias de poeta

Eugênia Cabral
@eugeniamcabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br


Poesia é uma área da literatura muito interessante. Por um lado tem uma aura de intelectualidade. "Poesia é só para gente muito culta porque é complicada de entender!" Por outro, há um sentimento generalizado que ninguém lê. "Poesia é um negócio chato porque é leeento!" Fui avisada pela internet que no dia 04 de outubro é comemorado o Dia do Poeta. Esse fingidor que hoje em dia anda raro de ser visto por aí.

Nas conversas, a impressão que tenho é que as mesmas poesias estão sempre sendo lidas. E constantemente, são os mesmos poetas. Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles... Nos últimos anos, Caio Fernando Abreu como que saltou aos olhos das pessoas e vem sendo recitado em muitas contas de Facebook e Twitter. Ainda sou do fã-clube do Manuel Bandeira: “A alma que estraga o amor”... Todos incontestáveis. Mas não se fez mais nada depois?

Atualmente, as redes sociais provocaram a volta das poesias de agenda. Lembram daquelas agendas de adolescência, nas quais são copiadas frases bonitas? Hoje, as letras de músicas copiadas são vídeos do Youtube postados no Facebook. Em vez de copiar, vocês retuita contas especializadas em colocar frases e trechos de poemas como a do @pensador.

Enquanto eu escrevia este texto, ele mostrava: “Possuir é perder. Sentir sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência” --Fernando Pessoa (outro campeão de citações).

Quantos aos nossos autores contemporâneos... Bom, eu não tenho certeza se vou saber citar quem são os poetas atuais mais conhecidos nacionalmente. Melhor nem arriscar. Conheço uns cearenses que equilibram as carreiras profissionais com a luta de escrever e conseguem, com muita dedicação, publicar os registros do seu trabalho.

O processo de reconhecimento instantâneo que criou as “celebridades da internet” ainda não me apresentou nenhum “poeta da internet”. Como me considero usuária mediana de redes sociais, acho que teria me alcançado se algum surgisse. Até conheço alguns desses autores guerreiros que publicam algo de sua produção. Mas nada que o torne “célebre e online”.


As redes sociais sociabilizaram alguns autores e frases, mas ainda não recuperaram a poesia para nosso cotidiano. Pena. Enquanto isso, vou aqui lentamente passando por um livro de poesia em homenagem aos Dias dos Poetas. Lentamente, por escolha e prazer próprio, diga-se de passagem. Não sou do tipo que lê poesia como romance não. Mas gosto e queria muito conhecer mais. Meus sentimentos sobre a área são exatamente os de Paulo Leminski (outro que vale a pena) em “Poetas Velhos”:

Bom dia, poetas velhos.
Me deixem na boca
o gosto dos versos
mais fortes que não farei.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Tanto para ler

Histórias que continuam

Eugênia Cabral
@eugeniamcabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br

Fãs do clássico “O Iluminado” entraram em festa nesta semana. O autor Stephen King anunciou segunda-feira (26/09) em seu site que está escrevendo uma continuação da história. Não leu o primeiro livro? Pule para o próximo parágrafo porque aqui vai uma parte do fim. O novo livro mostrará o menino Danny, sobrevivente do terror no Hotel Overlook, como um homem de 40 anos que trabalha num hospital e usa seus poderes para ajudar os pacientes a “mudarem de lado” e se chamará “Dr. Sleep” (Dr. Sono).

O novo livro mostra o pequeno Danny agora um adulto de 40 anos

Continuações de história queridas e vendidas como esta correm um risco enorme. Tanto é possível deixar tudo melhor como estragar o que tinha sido uma boa história. Ira Levin poderia muito bem ter ficado apenas com “O Bebê de Rosemary”, a continuação “O Filho de Rosemary” é qualquer coisa de terrível e tem um final seriamente besta. Dá raiva de ter lido o primeiro.

Por outro lado, “O Senhor dos Anéis” nada mais é que a continuação da história iniciada em “O Hobbit” por JRR Tolkien. Já pensou se ele para no primeiro livro?! No fim da trilogia final, o autor ainda faz um resumo do que foi a vida de cada um dos personagens depois da história da destruição do Anel do Poder. Do início ao fim, nós estivemos na Terra Média.

Alguns autores, principalmente de suspense, se agarram a um personagem e vão criando várias histórias com eles, como Dean Koontz, Sidney Sheldon, Dan Brown e Robin Cook. As histórias trazem a familiaridade de personagens queridos com novas situações e enredos. Tem continuações que até sobrevivem ao próprio autor. Robert Ludlum é o pai legítimo do agente Jason Bourne, mas enquanto ele escreveu apenas três livros com o personagem, o escritor Eric Van Lustbader já escreveu SETE depois da morte de Ludlum.

Para evitar que os herdeiros dela dessem uma de engraçadinhos como os de Ludlum, a britânica Agatha Christie assassinou seu personagem mais famoso, Hercule Poirot. Ela declarou que queria dar um fim digno a ele e fechar sua história. Assim garantiu aos leitores que Poirot não seria transformado em outra coisa na mão de outros autores. Não vou colocar em que livro isso acontece para não estragar a continuação de ninguém.

Há alguns personagens que já continuaram tanto e por tantas mãos que ninguém nem lembra mais qual foi aquela primeira história na qual apareceram. Faz tempo que Drácula não é só de Bram Stoker. Mary Shalley não só perdeu a guarda de Frankenstein como o nome, que era do criador, agora é como ficou conhecido o monstro criado. Faz bem mesmo Stephen King continuar suas histórias. Mas isso não vai impedir que o Hotel Overlook apareça em outros livros daqui uns anos. Afinal, a gente cria filho é para o mundo, né?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Escrita, cotidiano e desejos presentes em “Depois do sempre”


Recados dados e recebidos. Recados que chegam depois do que sempre esteve ali. Esse é o mote do livro “Depois do sempre”, do poeta cearense Alexandre de Lima Sousa. A terceira publicação do escritor dá continuidade às ideias lançadas nas obras anteriores. Agora, entretanto, essas ideias mostram-se mais livres, despreocupadas com a rima e a forma e mais atentas ao que realmente dizem as palavras. O lançamento do livro será na próxima quinta-feira (22), na Livraria Lua Nova (Av. Treze de Maio, 2861), às 19h.


“O livro traz os recados que recebo das coisas e das situações diversas. As poesias são o resultado escrito do que ouço e sinto”, define. Em outras palavras, é a escrita o elemento que dá unidade ao todo de “Depois do sempre”. A chamada metalinguagem está presente em “dilema solucionado”, quando ele diz que “não diametralmente um mentiroso/ tão somente poeta”. Ou mesmo em “personagens”: “ao ler meu escuro decifro / as folhas em branco do livro / … me deparo com personagens que jamais teria sido”.


Com 90 poemas e dividido em cinco capítulos – novidade, esboço para um tratado, silêncios, egoísmo e depois do sempre – o livro aborda ainda o cotidiano, as memórias, os desejos e os sentimentos sobre si e sobre o mundo. “É uma reflexão sobre o que fiz e o que faço”, complementa Alexandre, falando do “egoísmo” do poeta presente na obra. Sobre egoísmo, ele entende a prevalência do desejo do poeta sobre a palavra.


Para o autor, esta é uma obra mais madura que marca a transição entre o trabalho que foi iniciado em Cadernos (2005) e continuado em Estado de sítio (2007) e o que deve vir em breve. A liberdade a que ele se refere na terceira obra deve estar ainda mais presente no próximo trabalho, previsto para o ano que vem. Com essa ideia futura, Alexandre já deixa no ar a dúvida do que virá depois do sempre.


O livro foi vencedor do Prêmio Caetano Ximenes Aragão, categoria de poesia do edital da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE), de 2010. A capa é assinada pelo designer Rafael Limaverde.


O autor é também ensaísta, cronista e professor. Graduado em Filosofia, ele é professor de Literatura, História e Filosofia. Em 2004 e 2006, foi premiado nos Concursos Literários do Ideal Clube de Fortaleza. Também em 2006, foi contemplado com o prêmio Rachel de Queiroz, também concedido pela Secult. Seu segundo livro, Estado de sítio, foi selecionado no I Edital das Artes da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza (Funcet).

terça-feira, 13 de setembro de 2011

3.200 estudantes de escolas públicas irão visitar a Feira do Livro Infantil

Incentivar o hábito da leitura em crianças e adolescentes para a obtenção de um melhor aprendizado, comunicação e criatividade. É com este objetivo que a II Feira do Livro Infantil de Fortaleza, desenvolvida pela Casa da Prosa e apoiada pela Coelce, será promovida entre os dias 14 a 17 de setembro, na Praça do Ferreira.

A feira aguarda um público de aproximadamente 60.000 pessoas e contará com a exposição de 30 editoras, das quais 15 são cearenses, que disponibilizarão descontos de até 30% na compra dos livros.

A Coelce, por meio do projeto Visita Cultural, levará 3.200 crianças e jovens de 80 escolas da rede pública de ensino para o evento. O projeto disponibilizará ônibus para ida à feira, lanche e um vale-leitura, para que todos os estudantes participantes do projeto possam trocá-lo por livros nos estandes da feira.

Com esse projeto, a Coelce pretende facilitar o acesso à leitura aos estudantes da rede pública e contribuir para o interesse das crianças pela literatura. Além disso, a companhia pretende levar o projeto a outros municípios do interior do Ceará.

O evento contará com workshops, oficinas e deve receber, entre outros, o cantor e escritor Vitor Ramil, o contador de histórias Giba Pedrosa, os escritores Ignácio Loyola Brandão, Izaura Franco, Rosana Mont´Alverne e o autor de novelas Walcyr Carrasco como participantes do Programa Leituras Favoritas.


Serviço
II Feira do livro Infantil de Fortaleza
Data: 14 a 17 de Setembro
Local: Praça do Ferreira– Fortaleza – Ceará
Horário: 8h às 21h.

Programação
Dia 14 de Setembro, quarta-feira
Manhã
8h - Visitação das escolas – Projeto Visita Cultural Coelce
8h30min - Contação de histórias com o grupo Era uma vez
9h30min - Programa Criança e Arte/CCBNB na Feira - Contação de histórias com Jiddu Saldanha(RJ) com espetáculo ”DE GESTOS E DE PALAVRAS”
10h20min - Lançamento do livro Totó & Tutu - Amigos de verdade – de Lazaro Leme Filho– Premius Editora
11h - Leituras engraçadas no Espaço Baú de Leitura
12h - Apresentação circense com a Cia. Intervalo - Ecocirco

Tarde
13h – Visitação das escolas –Projeto Visita Cultural Coelce
14h - Oficina de contação de histórias para educadores com Marô Barbieri (RS),  na tenda principal.
14h30min - Minioficina de desenho/criação literária/artes no Espaço Endesa Criança
15h - Leituras engraçadas, no Espaço Baú de Leitura
15h - Programa Leituras Favoritas, com a presença do escritor Ilan Brenman.
15h30min - Lançamento do livro Papai é meu! Ilan Brenman– Editora Moderna.
16h - Lançamento do livro Meu Pai é uma figura e O ovo amarelinho da galinha do vizinho da autora Rosana Mont’Alverne - Aletria
16h30min - Leituras engraçadas no Espaço Baú de Leitura
17h - Abertura oficial da II Feira do Livro Infantil de Fortaleza.

Noite
18h Show Voz & Violão com o cantor Vitor Ramil.


Dia 15 de Setembro, quinta-feira
Manhã
8h - Visitação das escolas – Projeto Visita Cultural Coelce
8h - Contação de histórias com Maria Rita.
8h40min - Contação de histórias FÁBULAS FABULOSAS com Jujuba e Ana Nogueira (RJ)
9h20min - Minioficinas de desenho/criação literária /artes, no Espaço Endesa Criança.
10h - Lançamento da Coleção Palavra Nossa – Editora Vieira & Lent, com a presença da autora do livro Nada como ter Classe, Marô Barbieri (RS).
10h30min - Leituras engraçadas no Espaço Baú de Leitura
11h20min - Lançamento do livro Brincando com a Matemática da autora Julie Ane Oliveira – Conhecimento Editora.
12h – Apresentação Circense com a Cia. Intervalo - Ecocirco

Tarde
13h - Visitação das escolas –Projeto Visita Cultural Coelce
14h30min- Minioficinas de desenho/ criação literária/ artes, no Espaço Endesa Criança.
14h30min- Lançamento dos livros Brincar de Verdade, Maria Mania e Mariolino e Luigino da autora Marta D. Martins – Editora Cuca Fresca.
15h – Programa Leituras Favoritas com o cantor e escritor Vitor Ramil.
15h30min- Leituras engraçadas no Espaço Visita Cultural Coelce
16h30min- Criança e Arte/CCBNB na Feira - Contação de histórias com Glauter Barros(RJ).
17h30min - Lançamento dos livros As aventuras de Dom Quixote em versos de Cordel do autor Klévisson Viana e Batalha de Oliveiros com Ferrabrás – Cordel em quadrinhos, texto de Leandro Gomes de Barros e adaptação de Klévisson Viana e Eduardo Azevedo- Editora Tupynanquim.

Noite
18h30min- Criança e Arte/CCBNB na Feira - Contação de histórias com Rosana Mont'Alverne (MG).

Dia 16 de Setembro, sexta-feira
Manhã  
8h - Visitação das escolas ao Projeto Visita Cultural Coelce.
8h30min - Contação de Histórias com Júlia Barros.
9h20min - Contação de histórias com Giba Pedroza (SP).
9h40min - Minioficina de desenho/criação literária/artes, no Espaço Endesa Criança.
10h - Leituras engraçadas no Espaço Baú de Leitura
10h20min- Lançamento dos livros Canaã em cordel de Geraldo Amâncio, O Príncipe e o Mendigo em cordel de Paiva Neves Contos e Fábulas do Brasil de Marco Haurélio –Nova Alexandria
12h – Apresentação Circense com a Cia. Intervalo - Ecocirco

Tarde
12h30min- Leituras engraçadas no Espaço Baú de Leitura
13h - Visitação das escolas –Projeto Visita Cultural Coelce
13h30min- Leituras engraçadas com Orlângelo Leal & Ângelo Márcio no palco.
14h - Contação de histórias no palco principal com Rosana Mont’Alverne (MG).
14h30min- Lançamento do livro O Sertanejo e a Moça Encantada do autor Almir Mota – Casa da Prosa
14h30min- Minioficinas de desenho/criaçãoliterária/artes no Espaço Endesa Criança.
15h - Mesa sobre Políticas Públicas de Livro e Leitura com o Diretor do Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura, Fabiano dos Santos. Realização: Fórum de Literatura, Livro e Leitura do Estado do Ceará (FLLLEC) na tenda principal.
16h30min- Contação de histórias com Jiddu Saldanha (RJ).
17h - Lançamento do Livro As Babuchas de Abu Kasem do autor Marco Haurélio – Conhecimento Editora
18h - Programa Criança e Arte/CCBNB na Feira – Contação de histórias com Glauter Barros e lançamento do CD No Tempo em que os bichos falavam. Participação do músico Jujuba (RJ).

Dia 17 de Setembro, sábado
Manhã
8h - Visitação das escolas.
8h30min - Contação de histórias com Nádia Aguiar
9h30min - Leituras engraçadas no Espaço Baú de Leitura
9h40min - Minioficinas de desenho/criação literária/artes no Espaço Endesa Criança
10h - Lançamento do livro Violina vai à feira da autora Adriana Alcântara – Editora Dedo de Moças.
10h30min- Leituras engraçadas no Espaço Baú de Leitura
11h - Lançamento do Livro Efeito Domidó e a Coleção Descobrindo Sons da autora Elvira Drummond – Lmiranda publicações.
12h – Apresentação circense com a Cia. Intervalo - Ecocirco

Tarde
13h30min- Leituras engraçadas no Espaço Baú de Leitura
14h30min - Minioficina de desenho/criação literária/artes, no Espaço Endesa Criança
15h - Programa Leituras Favoritas com escritor Walcyr Carrasco, fazendo leituras e conversando com os leitores.
16h - Sessão de autógrafos com o escritor Walcyr Carrasco.

Noite
18h Show musical: Histórias de Teatro e Circo com a Cia. Carroça de Mamulengos.
20h30 Encerramento da Feira.
Os lançamentos ocorrerão na tenda principal da Feira. Shows e apresentações artísticas serão no palco principal.

Flipiri, Flist, Flimar, Flica, o jeito FLIP de fazer festa

Por Cristina Carneiro


Foi-se o tempo em que a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) se postava, glamourosamente, como a única festa literária do país. É verdade que é ela a referência e é ela que causa um rebuliço para além da semana de festa. 

A FLIP é mais ou menos como o carnaval; no dia seguinte ao fim da Festa, já se fala da próxima, cogitando-se possíveis autores que estarão presentes na edição seguinte. Os amantes da literatura ligados nessas querelas acompanham as prováveis vindas de autores internacionais, as desistências e outros imprevistos que ocorrem ao longo da organização. 

O fato é que a FLIP, que completa 10 anos em julho de 2012, não apenas emplacou (com a bela ajuda do cenário colonial-bucólico da cidade de Paraty), como fez moda. Vez por outra, surge uma nova festa literária, internacional ou não, de preferência em cidades com apelos semelhantes aos de Paraty, ou seja, numa cidade histórica, monumental, defendida pelo IPHAN. 

Nas cidades históricas...
A cidade de Cachoeira, na Bahia, por exemplo, lança, este ano, sua primeira Festa Internacional Literária de Cachoeira, a Flica, que ocorre de 11 a 16 de outubro (com o feriado do 12 de outubro no meio...). Com convidados internacionais, nacionais e nacionais baianos, a Flica vai pôr nas rodas de debates assuntos ligados à literatura, à história, às questões político-sociais e também entretenimento e educação. 

Este ano já aconteceram outras duas festas literárias em cidades históricas do interior dos estados. Uma delas foi a III Flipiri – Festa Literária de Pirenópolis (GO) –, que, em maio, homenageou a poetisa Cora Coralina. E a outra foi a II Flimar – Festa Literária de Marechal Deodoro – ocorrida, no início deste mês, na cidade alagoana e histórica de Marechal Deodoro. 

É quase um FLIP
Rebuliço midiático parecido com o que ocorre nos dias de  FLIP e, como a FLIP, com patrocinadores de peso, a Fliporto – Festa Literária Internacional de Pernambuco – é a que chega mais perto das proporções do padrão FLIP de festa literária. Já emplacada, a 7ª edição da Fliporto será em Olinda, de 11 a 15 de novembro (boa para se aproveitar o feriado do 15 de novembro), com o tema “Uma viagem ao Oriente” http://fliporto.net/.  

Outras festas por aí...
Além das já mencionadas, este ano também aconteceu a 4ª edição da FestiPoa (Festa Literária de Porto Alegre), a I Felit (Festa Literária de São Bernardo do Campo) e a Flist (Festa Literária de Santa Teresa), que, em maio deste ano, realizou a 3ª edição. E, no quesito infantil, já está programada a Fliportinho – Festa Literária Infantil de Porto de Galinhas, que ocorrerá de 28 de agosto a 1º de setembro de 2012. 

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Leitura digital


O mercado é novo, mas o que não faltam são novas pessoas se aventurando no mundo digital. Na Bahia, uma dupla ligada no mercado publicitário e editorial decidiu investir no tema. Foi assim que o designer gráfico Fábio Mascarenhas e o publicitário Wilton Bernardo criaram a Grioti, uma livraria exclusivamente digital.

Eles conversaram com a Dedo de Moças Editora sobre o assunto. Quem sabe em breve você não confere no site da Grioti os lançamentos da editora?

Dedo de Moças Editora: Como vocês avaliam o mercado de livros digitais atualmente?
Fábio Mascarenhas: O mercado ainda está em processo de formação, creio que muita coisa ainda vai mudar, acredito que o livro digital ainda vai interagir mais com o leitor, a medida que o mercado cresce, as necessidades se transformam e novas possibilidades aparecem.
Wilton Bernardo: Apesar deste momento que é de formação, estou convencido que é um processo crescente e sem volta. Hoje, ninguém abre mão de mobilidade e praticidade.

DDE: Há público para livros e revistas digitais ou ainda é o momento de formar esse mercado?

FM: Olha, público tem sim, algumas pessoas já aderiram aos livros, revistas e jornais digitais, seja pela praticidade, velocidade da informação ou pelo impacto ambiental que isso traz. Mas o mercado ainda é muito novo aqui no Brasil, por isso acredito que nos próximos anos esse público vai aumentar significativamente.

WB: Ainda é o momento de descoberta e experimentação, tanto do livro digital, como das diversas possibilidades de suportes, apesar de se poder ler por um simples PC. Arrisco dizer que muitas empresas que se beneficiarão com o livro digital estão nessa fase de descoberta. 

DDE: Quantos títulos digitais a Grioti disponibiliza?

FM: Hoje disponibilizamos aproximadamente 4.000 livros e começamos um processo de distribuição independente, pretendemos usar essa distribuição para fazer parcerias com editoras menores e autores independentes, queremos dar oportunidade a esses autores e editoras de publicar o seu livro digital também.

WB: Só para exemplificar o que Fábio citou, a Grioti livros digitais, lançou no mês passado “Contos do Folclore Brasileiro”, um livro digital produzido por uma Ação Cultural, a qual reuniu 7 autores e 6 ilustradores. Final de agosto já lançamos “Dragão de Fogo, Dragão de Gelo”, outro livro digital independente do Antonio Cedraz, um cartunista baiano que já lançou dezenas de quadrinhos. Esse foi seu primeiro livro digital. 

DDE: Vcs surgiram em 2010. Qual o crescimento da empresa nesse período?

FM: Na realidade a Grioti foi lançada oficialmente no final de outubro de 2010, passamos quase um ano pesquisando até chegar ao modelo de negócio que temos hoje, projetamos a empresa para entrar no mercado antes que ele tivesse aquecido, projetamos o crescimento da empresa para um período de 2 anos e hoje, analisando os resultados que temos, percebemos que estamos seguindo esse caminho que foi projetado.

WB: Começamos a estudar e organizar as ideias, planejar, em 2009. Foi um tempo importante que tiramos para estudar e começar a entender possibilidades.

Quer saber mais? Acessa www.grioti.com.br e www.grioti.com.br/blog

Tanto para ler

Baleias na prateleira
Eugênia Cabral
@eugeniamcabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora

Eu elegi, nos últimos dias, como a sensação mais angustiante aquela de tentar terminar algo e não conseguir. Você vai botando vários pontos finais, mas terminar mesmo? Dizer que não vai mais precisar tocar naquilo? Nada. Ainda falta isso e aquilo. Claro que isso veio de uma situação muito específica na minha vida, chamada dissertação. Mas eu tenho uma coleção de livros na minha estante com o marcador lá no meio que não somem de modo algum.


Durante o último mês, por exemplo, comecei a ler Memorial de Maria Moura, da Rachel de Queiróz. Amei o livro, mas minha leitura devoradora teve que ser parada tantas vezes para retomar a dissertação que a Maria Moura agora está largada no criado-mudo. Lembro nem em que ponto do sertão a deixei.

Outro que não termino por nada no mundo é “Grandes Sertões: Veredas”, do Guimarães Rosa. Lia lentamente e parei. Seis meses depois continuei de onde estava, e parei. Um ano depois, decidi recomeçar (agora vai!) e parei um pouco depois do ponto que estava na primeira leitura. O pior? O livro é ótimo. Eu só não consigo terminar! Dois anos depois, ele está ali, do lado da Maria Moura.


Às vezes é fácil entender o motivo da enrolação. Meu esposo sofreu para ler “Cem Anos de Solidão”, do Gabriel García Márquez, até comprar uma edição com a árvore genealógica da família na primeira página. Acabou rapidinho. O problema era que ele se confundia com tantos irmãos, filhos e primos.

Um autor que me detém por conta dos personagens é Fiódor Dostoiévsky. Eu tenho DOIS inacabados dele. Um é “Os Irmãos Karamázov” simplesmente porque eu não consigo nunca saber que irmão é qual e faz o quê. Dmitri Fiodorovitch Karamázov, Ivan Fiodorovitch Karamázov e Aliêksei Fiodorovitch Karamázov são os irmãos que normalmente são citados assim, com os três nomes (bastava o primeiro, não?).

O segundo inacabado dele é “Memorial da Casa dos Mortos”, pelo mesmo motivo de confusão entre os personagens (todos homens numa prisão). Eu devo ter algum problema mental muito específico que me faz trocar tudo sobre os personagens do Dostoiévsky.

Esses quatro livros têm andado me encarando e provocando a citada angústia do primeiro parágrafo. “Você não me terminou, não me terminou, não me terminou...”. Viraram minhas Moby Dicks, em uma metáfora à história de Melville (esse eu terminei). E agora, que eu acho que a dissertação acabou, lá vou eu armar meu barco e partir para a caçada dos intermináveis. Quem sabe 2011 acaba com essas espécies extintas da pilha “Livros para ler”.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Livros por apenas R$ 10

Encontrar um livro que custe R$ 10 não é uma tarefa fácil. Mesmo se tratando de uma edição de bolso, o valor não é dos mais populares. Mas a proposta do Governo Federal é que isso seja possível. A presidenta Dilma Rousseff lançou, na abertura da 15ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro, o Programa do Livro Popular (PLP) que pretende para fomentar a produção e a comercialização de livros a R$ 10,00.

A partir da próxima semana, haverá o cadastramento, por edital, dos livros populares pelos editores. As livrarias, bancas de jornal e outros estabelecimentos de varejo que queiram vender livros mais baratos serão convidados a se inscrever no programa. As bibliotecas estão sendo  cadastradas pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e convidadas a aderir ao PLP. Para elas, o Governo irá desenvolver o cartão-livro, com créditos de R$ 300,00 a R$ 15 mil para a compra dos livros.

O primeiro edital está previsto para ser lançado ainda em 2011. Serão R$ 35 milhões do Fundo Nacional de Cultura destinados à compra de quatro a cinco milhões de exemplares para as bibliotecas.

"Como amante do livro, posso assegurar que é uma experiência única poder ter o livro para ler em casa", disse a presidente, em discurso. O programa será gerido pela Fundação Biblioteca Nacional e a meta inicial é enriquecer o acervo das bibliotecas públicas e fomentar a produção do material a um custo mais baixo para a população.

Bienal em números


Os primeiros 11 dias de setembro no Rio de Janeiro estão dedicados à 15ª edição da Bienal Internacional do Livro do Rio. No período, o Riocentro deve receber nada menos que 640 mil visitantes. Desse público, 170 mil são crianças. A expectativa é que os 950 expositores vendam 2,5 milhões de livros, com um faturamento de R$ 50 milhões. No quesito atrações, são esperados 150 autores brasileiros e 23 estrangeiros, e a apresentação de mil novos títulos.

Livros na bicicleta

Imagine um triciclo equipado com um baú repleto de livros circulando pela cidade. Essa é a ideia da Bicicloteca, uma iniciativa do Instituto Mobilidade Verde, em São Paulo. O projeto tem como objetivo atender moradores de rua através do Movimento Estadual da População em Situação de Rua.


A ideia é que as pessoas retirem os livros - que contem títulos de Lima Barreto, Truman Capote e Graciliano Ramos, entre outros - e doem para outras pessoas quando concluírem a leitura. Antes de levar a Bicicloteca a alguma comunidade, o IMV realiza treinamento sobre como abordar as pessoas e formas menos burocráticas para a doação de livros.

Quer saber mais? Acessa www.institutomobilidadeverde.wordpress.com

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A rua em revista: lançamento da 6ª edição da Farol


Em sua sexta edição, a revista Farol, publicação da Prefeitura Municipal de Fortaleza, editada através de sua secretaria municipal de cultura, amalgama histórias de vida, cama, mesa e banho. De cama, ou melhor, sobre um jeito todo particular de deitar e dormir, quem fala é o vendedor ambulante Cícero Araújo Soares, que desde 1982 trança com as próprias mãos redes tarrafinhas vendidas a preços honestos na esquina da Praça do Ferreira.

De mesa, ou de como a culinária ensina a ver e “ler” o mundo, quem trata são as mulheres do Poço da Draga que aprenderam a soletrar cozinhando. De banho, ou de um jeito próprio de se higienizar e compor o visual, quem deixa escapar é o poeta errante Mário Gomes, cuja indumentária é mote para um exercício de compreensão acerca do belo e dos modismos vigentes.

Farol também passa em revista o que pode o riso quando desconectado dos clichês e do grotesco. De perto, ao vivo e em cores, alguns dos representantes do humor espontâneo e até ingênuo, aquele nascido e criado nas ruas, contam sobre o preparo de cada elogio à comicidade inteligente, tendo como principal ferramenta a reconhecida presença de espírito tipicamente cearense. Arrochando o nó do todo bem-humorado e em franco diálogo com a galhofa reinante, a entrevista do jornalista Xico Sá com o humorista Falcão é uma hilária conversa entre inspirados mestres da gaiatice cabeça-chata.

Do riso ao pesar é um passar de páginas. No dia de visitas do presídio feminino, Farol abriu passagem para os relatos de detentas e familiares, no esforço por captar a intensidade das poucas horas de contato direto entre o dentro e o fora. Um olho em quem se prepara para visitar e espera conviver novamente. Outro em quem está enclausurado e reinventa tempo e espaço. E toda a atenção voltada para o arsenal de sentimentalidades à solta, os claros e escuros extra-muros, comuns a todos. 

Comum a todos e demasiado humano também é o que resplandece à flor da pele de quem cultua e faz tatuagem. Supercoloridos e prenhes de significados, os corpos ilustrados estão no centro da reportagem de capa da revista Farol. São telas vivas em movimento exibindo imagens que valem mais do que mil palavras, potencialmente capazes de exteriorizar intimidades e subjetividades diversas.

Com lançamento marcado para a próxima sexta-feira, dia 02 de setembro, no Passeio Público, a sexta edição da revista Farol vem afirmar uma política de comunicação pública para a cultura voltada à valorização da memória e à difusão das narrativas e bens simbólicos dos moradores da cidade. Enfatizando as histórias de vida, a oralidade, as singularidades ignoradas pela chamada história oficial e as existências comuns soterradas em meio aos estereótipos da contemporaneidade, a publicação flerta justamente com a capacidade imemorial que cada indivíduo tem de narrar e narrar-se.

À luz da grande reportagem e do texto narrativo, próximo da crônica, a revista passa ao largo da agenda oficial da indústria do espetáculo e da cobertura meramente factual para dar visibilidade ao acontecimento atemporal e (extra)ordinário. Apostando na reinvenção da figura do repórter flâneur, o cronista andarilho para quem a cidade é uma espécie de caleidoscópio, e não uma massa de concreto amorfo, o foco recai justamente sobre a pulsação das ruas, a dinâmica interna dos bairros, os modos de viver, fazer, criar, pensar, festejar, trabalhar e transcender de grupos sociais e indivíduos que também reinventam o próprio cotidiano. Assim, Farol é um convite à polifonia das muitas cidades - visíveis ou não - que existem em uma só.

SERVIÇO: Lançamento da sexta edição da revista Farol. Dia 02 de setembro, de17h às 22h, no Passeio Público (rua Dr. João Moreira, s/n – ao lado do Forte Nossa Senhora da Assunção). Entrada franca.

Tanto para ler

Cooperativa de Letras


Eugênia Cabral
@eugeniamcabral

eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br

Já ouviu falar de cooperativa? Eu tenho muita vontade de participar de uma cooperativa financeira. São “bancos” de associações que geram juros e taxas para os próprios cooperados em vez de ir para os banqueiros. Ultimamente, convivendo mais no ambiente de moda também conheci várias iniciativas legais de cooperativas de costureiras, que estão abastecendo grandes marcas de uma forma sustentável.

As cooperativas são a união de uma categoria para trabalhar melhor e entrar no mercado como um bloco. Já pensou numa cooperativa de escritores? Se é tão caro imprimir nas gráficas, se é tão complicado divulgar, os escritores poderiam se unir para trabalhar isso, não?

O problema é que atualmente eu encontro dois tipos de escritores. A grande maioria tem trabalhos de 8 horas e escreve. E uma pequena parte vive da e para a arte. Enquanto o primeiro grupo não tem tempo o segundo está às vezes muito envolvido no próprio processo para se mobilizar.

Em países como Estados Unidos, há livros novos sendo vendido por 5 dólares, os chamados paperbacks, que são publicações em folha bem barata (quase estilo jornal) e de tamanho pequeno. Eles permitem que as edições estejam acessíveis à maior parte da população. Para quem quiser pagar mais, o volume hardcover é maior, com papel melhor e capa dura. Um jeito prático de desenvolver um produto que seja vendível.

A Rede Nordeste do Livro foi criada na Bienal de Livro do Ceará, em 2008, formada por gestores públicos, editores, livreiros e escritores. Também temos outros grupos no Ceará como o Fórum de Literatura e Leitura do Ceará e o sindicato das livrarias e editoras, Sindilivros/CE.

Da Rede, veio o Fórum da Rede Nordeste do Livro e da Leitura, que tem um blog (http://forumdeliteraturace.wordpress.com/) editado pela jornalista e escritora Luiza Helena Amorim. No blog, há informações sobre políticas públicas para literatura, balanços do setor e encontros. A Associação Cearense de Escritores (http://escritores-ce.blogspot.com/-ce.blogspot.com/) tem feito diversos concursos de conto e poesias, excelente espaço
para novos autores, e edita livros e folhetos.


Essa troca de informações e organização como um grupo unido dos que têm a pretensão de viver de livros no Nordeste é a única forma que eu vejo de pressionar o governo por incentivos culturais e, principalmente, fiscais. Iniciativas como eventos literários (como os citados em outros posts), abatimento de impostos e garantia de compra por prefeituras e Estado são os primeiros movimentos para o mercado literário nordestino deixar de consumir as pequenas publicações do Sul, que chegam aqui mais fácil que os escritos locais.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Incentivo à leitura

A Caravana da Leitura e do Autor Cearense, da Companhia Prisma de Artes, estará nesta sexta-feira (26.08) no bairro Dias Macedo. Essa será a última oportunidade do ano para que crianças de escolas públicas e privadas possam conhecer o projeto que tem como objetivo incentivar a leitura entre as crianças.

O evento vai acontecer durante toda a manhã na Praça Central do Bairro Dias Macedo. O endereço é Avenida Pedro Dantas, sem número, em frente à Escola Antonio Dias Macedo. Estarão presentes o escritor Almir Mota, o ilustrador e quadrinhista Guabiras e o Grupo Era Uma Vez.

A Companhia
No primeiro semestre de 2011, a Caravana da Leitura e do Autor Cearense esteve em seis praças de Fortaleza com a presença de quatro autores, dois grupos e dois contadores de histórias, sempre na última sexta-feira de cada mês.

Programação do dia 26.08
8:30 Oficina de quadrinho infantil – Guabiras
9:30 Conversa com Autor: Almir Mota
10:30 Contação de Historias com o Grupo Era uma vez...
11:00 Encerramento e entrega dos Kits de livros que compuseram o acervo do projeto, para as escolas parceiras que participaram da Caravana.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Tanto para ler

Leia e deixe ler 2



Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral

Voltando ao tema iniciado duas semanas atrás. Continuo pensando sobre os preconceitos literários. E falemos de Paulo Coelho. Sobre este autor, o que mais me espanta é que motivos levaram ao autor brasileiro mais vendido no mundo ser tão mal considerado pelos seus compatriotas. Carrego várias teorias.

A primeira vem do fato de Paulo Coelho ter surgido na mídia brasileira se vendendo como tudo, menos escritor. Era um “mago”. Que nos anos 80 fazia sentido e tinha uma fatia de mercado considerável. Mas com o tempo começou a ficar meio sem motivo de ser e um tanto quanto patético. Tanto que o próprio Coelho parou de falar sobre este assunto completamente. Levar a sério os livros de um mago é uma história difícil.

O segundo motivo é que ele uniu seu próprio nome com a já citada e mal afamada autoajuda. “Diário de um mago” foi um livro que eu comecei a ler e não tive a menor condição. Parei na hora que o livro me mandava imaginar que eu era uma árvore e fazer o movimento de crescer. Vou poupar quem me lê dos comentários que eu faria.

Então, a união dos poderes desses dois fatos fez com que Paulo Coelho se tornasse o mais execrado dos escritores brasileiros. Sua entrada na Academia Brasileira de Letras foi em geral ridicularizada. O que acho um desrespeito. Se não gosta da obra dele, esculhambe com ela, não precisa xingar o escritor.

Pelas minhas idas nessa área, além do “Diário” também não consegui ler o livro dele mais famosos de todos, “O Alquimista”. Mas li “Brida” e gostei muito. É a história de uma mulher que resolve virar wicana (bruxa) e vai entrando em contato com vidas passadas. Eu adoro o gênero fantasia, como “Senhor dos Anéis” e afins. Essa foi para mim uma história no clima “As brumas de Avalon”, da inglesa Marion Zimmer Bradley (que apesar de só escrever sobre  bruxas e a ilha mística de Avalon foi muito querida pelos britânicos).

“As Valquírias” foi outro que terminei. Achei cansativo e dei uma nota seis. Por fim, li “Veronika decide morrer”, que virou um filme com Sarah Michelle Gellar no papel da Veronika (a Buffy da série de TV para quem não lembrou). Foi dos três o que mais gostei. Em alguns momentos resvala no clichê, mas é uma história bem contada e interessante. Veronika resolve se matar porque tem uma vida vazia e sem sentido. Quando é internada em um hospital psiquiátrico (obrigatório para quem tenta suicídio em alguns países), ela descobre que tem os dias contatos e precisa lidar com isso.

Não li, mas um amigo leu e adorou “O Demônio e a Senhorita Prym”. Este mostra o que acontece quando o demônio oferece dez barras de ouro para uma cidade se alguém cometer um assassinato. Stephen King trabalhou com tema parecido em “A Tempestade do Século”, só que batendo mais forte no terror.

Bom, entre bons e maus livros do Paulo Coelho, acho que entendo muito mais alguém dizer “não gosto do gênero ficção”, ou “não gosto de fantasia”, que dizer “não suporto Paulo Coelho”. A não ser que você esteja falando daqueles primeiros livros do mago de 1980, não consegui achar nenhuma característica tão dele que a gente consiga instituir o gênero literário “Paulo Coelho”. Deixemos ler então nosso brasileiro mais famoso na literatura mundial. E, se você deixar mesmo de preconceito, quem sabe até se orgulha... 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Tudo de Cor e de Fagner para Você


A Praça dos Leões e os prédios do seu entorno estão mais bonitos esta semana. É o projeto Tudo de Cor para Você, das Tintas Coral, que viaja o País e reúne a comunidade para dar cor e transformar os lugares por onde passar. Agora, o trabalho está sendo realizado no Centro de Fortaleza.

A Dedo de Moças Editora, localizada bem nos arredores da praça e do Museu do Ceará, está curtindo bastante o projeto. Afinal, todas as iniciativas para preservar e requalificar o Centro da cidade são mais do que válidas.

Hoje, dia 17, o trabalho será oficializado com a presença da prefeita Luizianne Lins e do governador Cid Gomes. E a comemoração acontece com um show do Fagner. Será a partir das 15h30, na Praça do Ferreira. Nos encontramos lá, hein?! 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Tanto para ler

Para todos nós

Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral

Decidi me rebelar de tudo que eu tinha decidido a escrever hoje e ser ... romântica. Mas ora veja só, que coisa mais descabida para se fazer! Ainda mais quando você anunciou o 1 em um texto e o número 2 está aqui na esquina. Pois, é, mas arroubos românticos servem para isso, sair do plano.

Nos últimos dias, tenho conhecido o texto lindo e emocionante de Cristiana Guerra.
As viradas da vida dela, a dor e a alegria e sobre o que escreve, ultimamente têm revirado a minha vida. Cris Guerra é publicitária. Estilosa, competente e premiada. É a dona do blog
www.hojevouassim.com.br no qual fotografa e mostra os looks que escolhe para usar. Eu já tinha visto mas não prestei atenção alguma. Aí uma aluna minha me falou que aquele era osegundo blog dela e o primeiro na verdade era o parafrancisco.blogspot.com.

Cris Guerra estava grávida de sete meses do filho Francisco quando o pai da criança morreu repentinamente. Eles disseram tchau num dia e no outro o coração dele parou. Ela começa a escrever o blog para falar ao filho sobre o pai, a história deles e do seu amor. E acaba que fala de si, do seu amor, da sua vida. Ela se expõe completamente, com choro, com mágoa, com desespero e com paz. Todo o período do relacionamento deles está ali, a partida também. A vida com o filho depois entra na história e até hoje o blog é atualizado.

Eu tenho descoberto que não é recomendável ler no trabalho porque quando você encontraum post no qual ela descreve que viu o filho, hoje acho que com quatro anos, dizendo para o avô: “Eu tenho pai. Ele se chama Guilherme” dói uma dor ruinzinha demais e eu particularmente choro com propaganda do Greenpeace, imagina com isto. Mas não me entenda mal, não é um blog triste não. É delicado. É gentil. É apaixonado. Puro amor.

Cris Guerra escreve muito, muito bem. Ela consegue passar as sutilezas de seu cotidiano de uma forma tão envolvente que dá quase vergonha de ser tão íntimo. No blog estão músicas, poesias, fotos e desenhos. Em 2008, foi publicado pela editora ARX o livro “Para Francisco” com os textos do blog e outras coisas mais. Na humilde opinião de quem gosta de falar de livros, leitura que vale a pena. Cris Guerra nos ensina a viver: “É um privilégio seguir amando - e amando cada vez mais”. Pensando bem, ela poderia se encaixar na estante de autoajuda (e no fim das contas esse texto foi um 1 e ½!).

Violina agora na Livraria Lua Nova





A rabeca encantada de Violina está à venda em mais uma livraria da Capital. A Lua Nova, no bairro Benfica, é mais uma opção para quem ainda não conhece as histórias da menina que com sua rabeca encantada faz o mundo ficar mais alegre. O livro, da autora Adriana Alcântara, lançado pela Dedo de Moças Editora também vai participar da II Feira do Livro Infantil de Fortaleza, de 14 a 17 de setembro, na Praça do Ferreira.

A inusitada história da garota e sua rabeca encantada foi criada a partir da paixão da autora pela música e pelos "causos" do interior. "A história de Maria Violina surgiu de uma grande paixão pela música tocada e cantada e por um excessivo apego às coisas simples do interior, suas pessoas e seus costumes", conta Adriana, que guarda na lembrança a infância vivida na cidade de Ubajara, na Serra da Ibiapaba.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Tanto para Ler



Leia e deixe ler


Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral

Conversando sobre literatura, já perdi as contas de quantas pessoas vi comentarem: “Eu leio de tudo! Menos Paulo Coelho e autoajuda!”. Inspirada por elas, vamos falar dos preconceitos literários. Comecemos com autoajuda. Pausa para superarem os arrepios de nojo. Pronto?
Eu já mergulhei nessas águas profundas e gélidas. Comento aqui o que trouxe de volta e ignoro o que deixei por lá porque não merecem nem nome. Sim, há um bocado desses livros que é um grande apanhado de clichês. Não é todo mundo que tem disciplina e automotivação de lutar para se tornar melhor e é muito fácil delegar as decisões sobre a sua própria vida (o que é para mim o coaching). Aí a pessoa agarra um livro “Como ser qualquer coisa” ou “Cartas a um jovem qualquer coisa” e acredita que o autor vai ter a solução da sua vida. Ledo engano. Dinheiro gasto e tudo na mesma.
Só que existe mais que isso nas prateleiras da autoajuda. São livros de especialistas em um assunto que fornecem informações a leitores que se interessam por aquilo. Afinal, não é porque eu quero me alimentar melhor que tenho que ir fazer Nutrição. Ou posso só estar atrás de algumas informações sobre Feng Shui para minha sala de jantar.
Eu particularmente leio autoajuda financeira: investimentos, controle de gastos, uso de juros, planejamento... A minha vida financeira atualmente vem das coisas que eu leio (ok, ainda não estou na fase de investimentos). Não achei nenhum livro que me ensinasse a ficar rica e sair comprando qualquer um deles é gasto bobo. “Investimentos Inteligentes” do Gustavo Cerbasi é um bom livro, bem amplo, para quem quer fazer o dinheiro render e não tem ideia de por onde começar.  Desnecessário o “Guia de Estudos” que o autor publicou depois.  
Também não é que se concorde com tudo. Cerbasi é contra a compra de imóveis, ele defende que você deve alugar e deixar o dinheiro da casa render. Acredita que deveríamos mudar de casa sempre que mudássemos de emprego, para economizar no transporte. Faz sentido. Mas para mim, não serve. Na realidade cearense, não precisamos (ainda) disso. E na realidade brasileira, considero importante para a família ter a segurança de ter um lar mesmo se faltar emprego.
 Minha tia tem lido “Anticâncer”. David Servan-Schreiber teve um câncer de cérebro diagnosticado e viveu 20 anos depois disso. Ele escreve sobre a alimentação e esta doença. Apresenta pesquisas, é até cansativo de tantos dados embasando o texto, para explicar como modificou a própria alimentação. Tia Eliana tem sofrido por não comer mais pão branco, porém, tomou algumas decisões sérias de saúde baseadas neste livro como finalmente controlar o colesterol.
Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, tem organizado a coleção “Na vida como no esporte”, com a editora Sextante, de livros de esportistas. A coleção é um exemplo clássico do que pode ser autoajuda. “Nunca deixe de tentar”, do Michael Jordan, é um livro sem nada novo.  Aquele apanhado de clichês citado lá em cima: nunca desista, foque metas pequenas, tenha disciplina... Por outro lado, “Jogando para Vencer”, de John Wooden, mostra a filosofia do técnico: nunca pensar no outro time e focar sempre e apenas em jogar melhor. Eu não sei fazer isso, me instigou. Recomendo gastar os 60 minutos de leitura que ele toma.
Eles podem estar como “Liderança”, “Gestão”, “Medicina” e eu vi uma vez como “Desenvolvimento Humano” (bonito, né?). Não se engane, todos são autoajuda mesmo. Pertencentes ao conceito básico de “obtenha as informações e trabalhe”. Se você deixar cair o preconceito e enfiar as mãos nas prateleiras, consegue achar muito trigo em meio ao joio.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Tanto para Ler

Ler sobre heróis


Por Eugênia
Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral



Toda sociedade tem a necessidade de ter figuras míticas que se sobressaiam do resto da humanidade e possam servir de inspiração para cada um superar seus limites. Nós temos na atual sociedade mais figuras fabricadas, celebrizadas e olimpianas que heróis de verdade. Mas temos Nelson Mandela, um verdadeiro herói vivo entre nós. Esta é a premissa do livro “Os Caminhos de Mandela”, do jornalista Richard Stengel. Richard conviveu intimamente com Mandela por cerca de quatro anos para ajudá-lo a escrever sua autobiografia. No fim, além de produzir o documentário “Mandela” (indicado ao Oscar de 1996), também escreveu este livro, no qual coloca as lições de vida que tirou da convivência e da história do líder sul-africano como sua capacidade de mudar de curso se estiver errado, aparentar coragem quando todos os outros têm medo e enxergar verdade e correção nos dois lados de uma discussão.

Lições de vida transbordam da história do homem que saiu da prisão aos 71 anos de idade para provocar a mudança de regime de um país sem cair em guerra civil nem perder relações internacionais. Outra fonte para quem quer conhecer a figura é a autobiografia em si. “Conversas que tive comigo” é o resultado de horas de entrevista com Stengel, reflexões do próprio Mandela e trechos dos diários que ele manteve durante anos.  Os dois livros têm edições brasileiras, o primeiro pela Editora Globo, e o segundo pela Rocco.

Outra figura mítica, heroica e extremamente real da nossa contemporaneidade é Madre Teresa de Calcutá. Agnes GonxhaBojaxhiu nasceu na Macedônia em 1910 e quando faleceu, aos 87 anos, liderava uma missão de caridade que já agia em todo o planeta. Pense bem, essa mulher, sozinha, criou um movimento de ajuda ao próximo que repercutiu em todos os continentes.

Com a publicação de “Madre Teresa venha, seja minha luz”, de Brian Kolodiejchuk, descobrimos que ela era uma mulher (ainda mais real) que lutou com sua fé e teve inúmeras dúvidas sobre a existência de Deus. O livro tem cartas da Madre para seus conselheiros espirituais e alguns escritos dela que revelam quechegou a duvidar se existia alma e até mesmo Jesus. Mesmo assim, neste período de descrença, Teresa de Calcutá não deixou seu trabalho de caridade esmorecer nem por um dia. E depois de algum tempo, declarou em suas cartas ter encontrado Jesus na escuridão que era parte Dele, dela e de todo o mundo. Eu não consigo nem imaginar o tanto de escuridão que ela testemunhou em sua vida.

 O Vaticano já declarou que essas cartas não mudam em nada o processo de canonização da Madre, pois nada mais humano que duvidar de Deus, como muitos outros santos fizeram em algum momento.  O livro é um alento não só para os cristãos, em suas páginas a mulher comum se revela angustiada com a realidade que a envolve e desesperada por provocar mudança. Madre Teresa e Mandela são humanos comuns, que não possuem nada de especial e mesmo assim se sobressaem do resto da humanidade. Suas histórias são inspiração para cada um superar seus limites. São como as histórias de Homero e os semideuses na batalha de Tróia, ou dos 300 de Esparta morrendo pela Grécia. São históriasde heróis.