Em notas - curtas ou longas - vamos falar sobre o mercado editorial, sobre os escritores, sobre o universo livresco e literário, com dicas, novidades, curiosidade, alguma opinião, e o que mais couber neste espaço.
Quem assina a coluna é a jornalista Cristina Carneiro. Dicas, novidades e outros podem ser enviados para o e-mail crica.carneiro@gmail.com
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Dedo de Prosa
crica.carneiro@gmail.com
@criscalina
Llosa em defesa do romance
A Revista Piauí, em sua edição 37 (outubro, 2009), publicou um ensaio de Mario Vargas Llosa (à época, ainda não agraciado com o prêmio Nobel de Literatura) em defesa do romance. Ou melhor, em defesa do romance, da literatura, do livro, do futuro das coisas.
No ensaio, Llosa defende a literatura como uma espécie de denominador comum da experiência humana, em que “os seres vivos se reconhecem e dialogam, independentemente de quão distintas sejam suas ocupações e seus desígnios vitais, as geografias, as circunstâncias em que se encontram e as conjunturas históricas que lhes determinam o horizonte”.
Outra idéia interessante do texto é quando Vargas fala sobre a importância da literatura para nossa capacidade/força de expressão. “Uma humanidade sem romances, não contaminada pela literatura, se pareceria com uma comunidade de tartamudos e afásicos, atormentada por problemas terríveis de comunicação causados por uma linguagem ordinária e rudimentar.”
O então futuro Nobel de Literatura analisa ainda outras questões relacionadas à literatura, ao poder da literatura. Vale a pena ler Em defesa do romance no link http://revistapiaui.estadao. com.br/edicao-37/questoes- literarias/em-defesa-do- romance/.
Um livro: Os Maias
Em determinado momento do romance-obra-prima de Eça de Queiroz, Os Maias, Carlos da Maia reclama de um infindável bordado que Maria Eduarda insiste em fazer durante suas visitas. Maria Eduarda retruca dizendo que o bom de certas coisas é estar sempre a fazê-las. Ao que Carlos diz: “Há coisas que só existem quando se completam, e só então dão a felicidade que se procurava nelas.”
Pois Os Maias é uma dessas coisas às quais Carlos se refere. Demora-se na leitura de um tomo com 698 páginas (edição da Ediouro). Demora-se ao ponto de leitores mais avexados ou menos treinados a longas leituras desejar largar o livro, abandoná-lo, se enganando por acreditar que até o ponto em que se leu já rendeu o que tinha de render. Mas não. Deve-se insistir, e resistir aos momentos menos voltados à história central do romance. Afinal, em Os Maias, Eça quis fazer um retrato completo da sociedade portuguesa da época.
Escrito em 1888, e atual como todo clássico, Os Maias deve ser lido até o fim para proporcionar toda felicidade é capaz de dar. Depois de lê-lo, pode-se ainda passar uns dias depurando a história assistindo à minissérie, que foi ao ar em 2001, pela Rede Globo, e está disponível nas locadoras. A minissérie é quase completamente fiel ao livro, com uma mudança no final, mas que não altera o desfecho, nem tira o prazer da obra.
A comunicação no Planalto
No Planalto, com a Imprensa, organizado por André Singer, Mário Hélio Gomes, Carlos Villanova e Jorge Duarte, é um daqueles livros que os interessados por comunicação, política, memória e bastidores podem se interessar. No Planalto, com a Imprensa traz 24 entrevistas com ex-secretários de Imprensa e porta-vozes de presidentes da República desde o governo de JK até o governo Lula.
Lançado em setembro de 2010 pela Editora Massangana, da Fundação Joaquim Nabuco, com apoio da Secretaria de Imprensa da Presidência da República, o livro é composto por dois volumes. No primeiro volume, à exceção de Autran Dourado, que foi assessor de JK, todos os demais porta-vozes são da ditadura militar. No segundo volume, os entrevistados são secretários e porta-vozes dos presidentes da fase democrática.
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