terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Tanto para Ler


Em um ano de muito estudo, correria e reforma na casa, recebi o convite das amigas da Dedo de Moças Editora para participar deste blog. Eu já lia os textos maravilhosos da também amiga Cristina Carneiro, então fiquei entre toda besta e bem preocupada, mas imeditamente aceitei. A partir desta terça, apareço por aqui com minhas últimas descobertas literárias, livros relacionados a um tema que me intrigue, ou com impressões do último livro terminado. Boa leituras para todos nós!


Eugênia Cabral


Indicados no Oscar 2011


Por Eugênia Cabral
eugeniamc@gmail.com
@eugeniamcabral



A temporada do Oscar chegou e eu não sei vocês, mas eu estou com uma lista enorme de filmes para conferir. Na busca de que história vai valer o preço do ingresso, acabo sempre por descobrir livros interessantes no caminho. 
Aqui vão dois descobertos em 2011:



Para quem gosta de tecnologia e administração, além de conferir “A Rede Social”  (The social Network, 2010), pode buscar o livro no qual o roteiro do filme é baseado: Bilionários por Acaso: A Criação do Facebook, de Ben Mezrich. Formado em Harvard, ele é o mesmo  autor de “Quebrando a Banca” no qual seis estudantes do MIT fraudavam cassinos (também virou filme, lembra?). Para o livro do Facebook, Mezrich entrevistou diversas pessoas que conviveram com os criadores, examinou documentos de Harvard e dos julgamentos. Não é um primor de escrita, mas as informações valem a pena. O personagem principal do filme e “pai” do Facebook, Mark Zuckerberg não gostou do livro (também pudera, ele tem o subtítulo de “Uma história de sexo, dinheiro, genialidade e traição”). Mas o aparentemente traído cofundador Eduardo Saverin deu aprovação pública à história contada.




O favorito do Oscar, “O Discurso do Rei” (The King’s Speech, 2010) é um roteiro original, mas a mesma pesquisa que originou o filme também originou um livro com o mesmo nome. A história do fonaudiológo australiano Lionel Logue que prepara o Rei George IV para assumir seu cargo no período do II Guerra Mundial está cuidadosamente documentada no livro O Discurso do Rei, de Peter Conradi e Mark Logue. Peter Conradi é um jornalista (autor de “O Pianista de Hitler”) que se uniu a Mark Logue, neto do famoso terapeuta, para relatar a história a partir dos diários de Lionel. O livro é bem documentado e repleto de informações históricas. O terapeuta corrigia os discursos do rei pontuando os momentos de pausa e intensidade das falas e trocando palavras com sons de /k/ ou /g/, que faziam o rei gaguejar. Assim, em vez de calamities (calamidades) e goal (objetivo), o rei dizia disasters (desastres) e end (fim). Em seus diários, Lionel descreve como fazia a Rainha Elizabeth sentar no estômago do marido para exercitar o diafragma e todos os trava-línguas que o rei tinha que repetir como “She sifted seven thick-stalked thistles through a strong thick sieve” (vou nem tentar traduzir isso, mas o que importa são os sons de “s” e “th”).
Mais que qualquer treinamento, a amizade entre os dois e a construção de confiança de George IV são os melhores personagens. No fim, ele não só convence como Rei como lidera a Inglaterra num dos períodos mais complicados da história. Até hoje, o rei é uma figura adorada pelos britânicos. Marketeiros e porta-vozes dos nossos dias têm muito o que aprender com Lionel Logue.

Serviço
Bilionários por acaso: A criação do Facebook, de Ben Mezrich. Tradução de Alexandre Matias. Editora Intrínseca. Preço médio: R$ 29,90
O Discurso do Rei, de Peter Conradi e Mark Logue. Tradução de Sonia de Souza e Celina Portocarrero. Editora: José Olympio. Preço médio: 29,90.

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