quarta-feira, 4 de maio de 2011

Tanto para Ler

Pra começar...


Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral


Nesta semana, eu vi uma matéria que dizia que o início de “Um Conto de Duas Cidades” (1837), de Charles Dickens, tinha uma das aberturas mais famosas da literatura: “Era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos, era a época da sabedoria, era a época da loucura.” O que me fez lembrar outro começo muito famoso que é constantemente citado em outras obras: “Me chamo Ishmael”, do “Moby Dick”, do Herman Melville.
O que me fez ainda pensar, sobre começos de livros. Em minha parca experiência escrevendo academicamente, tenho como momento mais desesperador é começar o capítulo. Às vezes, passo muito tempo olhando para o computador sem ter ideia. Em uma palestra, vi José Saramago comentar sobre a “obsessão do branco da página do Word”. Ele disse que ela quer ficar branca.
Então fui rever os meus livros preferidos e como começaram alguns. “Nas Tuas Mãos” da Inês Pedrosa, parece um melodrama. Uma história de você virou para mim entre risos e bocas e me beijou... “Cem anos de solidão” (Gabriel García Marquéz) e Benjamim (Chico Buarque) começam com a mesma situação, mas tons muito diversos: “Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer gelo” e “O pelotão estava em forma, a voz de comando foi energética e a fuzilaria produziu um único estrondo”.
Eu gosto muito de começos que lhe dão uma ideia oposta da história. O primeiro livro de Harry Potter inicia afirmando que os tios de Harry se orgulhavam de serem pessoas muito, muito normais. “Notícias de um sequestro” abre com uma mulher se certificando que está segura ao entrar no carro. E tudo muda no segundo parágrafo.
Trago aqui cinco começos que eu encontrei e gostei muito numa olhada rápida nos meus livros. Será que está fácil dizer de que livros são?
“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte.”
“No ano dos meu noventa anos quis me dar de presente uma noite de amor louco com uma adolescente virgem.”
“Ouvindo o tiro, eu me apeei do cavalo. Então, tinha chegado o lugar.”
“A gente vinha de mãos dadas, sem pressa de nada pela rua. Totoca vinha me ensinando a vida. E eu estava muito contente porque meu irmão mais velho estava me dando a mão e ensinando as coisas.”
“O homem que acabou de entrar na loja para alugar uma cassete vídeo tem no seu bilhete de identidade um nome nada comum, de um sabor clássico que o tempo veio a tornar rançoso, nada menos que Tertuliano Máximo Afonso.”

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