No dia dele, uma confissão: "eu nunca li Lobato"
Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral
Hoje seria aniversário do Monteiro Lobato. Eu nunca li Lobato. Acompanhei as aventuras do Sítio do Pica Pau Amarelo na televisão, deixava para ocupar minhas mãozinhas gordas com outras coisas. Como revistas. Muita Turma da Mônica na veia. E Margarida. A namorada do Pato Donald tinha uma revista só dela e suas aventuras como jornalista que eu amava. Acho que isso explica muito da minha vida hoje... Por isso sou a favor das escolas passarem revistinhas como paradidáticos.
Eu culpo a vida escolar pelos traumas literários de muita gente. Uma amiga contou que passou a vida lendo “As 7 Faces do Amor”, “...da Amizade”, “...da Primeira Vez” até o dia que uma professora passou um clássico, daqueles tipo beeeem clássicos e os alunos ficaram tão assustados que compraram o livro do professor e copiaram a ficha de leitura para não ter que enfrentar aquilo. Vamos convir que um menino de 14 anos, mesmo ligado no Xbox, Wii e Blackberry, vai ter certa dificuldade em encarar um Dom Casmurro sem nenhuma preparação. Aliás, muitos adultos desistem desse livro.
Tive muita sorte com meus professores de literatura. Na quinta série, hoje sexta, os livros vinham alternados. Um bimestre (ainda tem bimestre?) era um “Para Gostar de Ler” com crônicas, depois era um de contos mais atual (um que falasse de aventuras e namoro), aí vinha um clássico fácil como contos do Machado de Assis, ou “A Moreninha”, ou “A Pata da Gazela”.
E nisso o ano seguia e não dava para ninguém criar abuso de um tipo específico de livro.
Já na oitava série, hoje nona, a professora teve a brilhante idéia de nos dar o poder. Ela apresentou três livros para a turma, um romance contemporâneo, um romance clássico e outro de contos. A brincadeira era: você lê qualquer um dos três. Escolha. Seu trabalho e sua prova serão direcionados para aquele que você mesmo escolher. Sucesso de audiência! E, por estranho que seja, a maioria escolheu o clássico. Acho que da minha turma fui a única que optei por “O Último Mamífero do Martineli”, do Marcos Rey.
Um autor que eu amava e conheci como paradidático foi o Pedro Bandeira. Ele tem uma série de livros com aventuras dos Karas: “A Droga da Obediência”, “Anjo da Morte” e "Pântano de Sangue”. Os Karas eram um grupo de adolescentes de uma escola fantástica que podia fazer de um tudo. Eles enfrentavam vilões descendentes do Hitler e lutavam ontra traficantes no Pantanal, tinham código secreto (tênis-polar, nunca esqueci), sinais de espionagem e tudo.
O autor também tem um enorme número de obras para adolescentes que são adaptações brasileiras de clássicos como “Hamlet” (“Agora estou sozinha”) e “Cyrano de Bergérac”
(“A Marca de uma Lágrima”). Adaptações cheias de ação. Em “A Marca de uma Lágrima”, enquanto Isabel escreve cartas para a amiga entregar ao primo por quem é apaixonada, ela tenta descobrir quem matou a diretora da escola, encontrada morta numa sala de aula. Não acompanho os paradidáticos atuais porque não tenho ninguém na família nesta idade,
mas eu espero que as escolas estejam abraçando Pedro Bandeira, Marcos Rey e A Turma da
Mônica. Espero que estejam passando “A Rabeca Encantada de Violina” de Adriana Alcântara e “O Mistério da Bailarina Fantasma” de Socorro Acioli porque passou da hora de conhecer nossos escritores locais. E porque eles são muito divertidos e ler tem que ser assim.
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