sexta-feira, 15 de abril de 2011

Farol: Lugares e palavras



“Fortaleza está cada mais coalhada de prédios luxuosos cujo maior valor agregado, além da localização geográfica em áreas nobres, é uma onerosa vista-mar. Custa muito caro vislumbrar o oceano ao acordar, da própria varanda ou sala de estar. Pois bem, vamos saber como vivem as pessoas com baixo poder aquisitivo que nasceram ou vivem de frente para o mar, com “um oceano inteiro para nadar”. Sua relação com a praia, os frutos - concretos e simbólicos - dessa proximidade com a natureza, seus hábitos, suas formas de convivência, sobrevivência e invenção. O que o mar leva e traz? Fortaleza é uma grande embarcação? Uma jangada de pedra? Como navegar à deriva e contra o vento da excludente especulação imobiliária? O livro Jangada de Pedra, de Saramago, é inspirador. E, em se tratando de imagens, a pauta remete a um trabalho em artes visuais que passou por aqui, onde a artista posicionava espelhos diante das casas populares de forma que refletissem o mar... Efeito incrível... Podemos ir na linha desse efeito? Bom, nem preciso dizer que o Titanzinho é a nossa praia preferencial para a pauta, embora não precisemos nos restringir ao Serviluz”.

Eis a gênese da pauta principal da quinta edição da revista Farol, publicação da Prefeitura Municipal de Fortaleza, editada através da Secultfor. Em 2011, a revista que sai do prelo no mês de aniversário da cidade dedica sua reportagem de capa a quem mora modestamente com vista para o mar. Entre estados de contemplação e relatos de profundo mergulho no cotidiano praieiro, a reportagem caminha sobre as areias do Titanzinho, Pirambu e Barra do Ceará, investigando, sob a perspectiva do afeto, como o lugar afeta a pessoa e vice-versa. Totalizando seis reportagens, a revista também conta sobre a discreto charme de um cinema de bairro; um certo Maximiniano do Pandeiro; os andarilhos e suas “virações” diárias e as agruras risíveis de torcedores fiéis até morrer...
Com periodicidade quadrimestral, a revista Farol é lançada no próximo dia 18 de abril, a partir de 19h30min, no Passeio Público, centro da cidade, encerrando a programação de um dia inteiro dedicado ao livro e à leitura, na esteira da Festa do Livro e da Rosa. De caráter cultural e antropológico, a publicação aposta na força da grande reportagem e do texto narrativo, próximo da crônica, para contar sobre a cidade através das histórias de vida de seus moradores, que reinventam o próprio cotidiano. A ordem também é dar visibilidade a uma parcela da população economicamente desfavorecida que pouco ou nunca é objeto de interesse da grande mídia, cujos olhos estão voltados prioritariamente para o que é consagrado por uma indústria cultural de viés fortemente mercadológico.
Distribuída gratuitamente entre grupos sociais organizados, associações de moradores, meios de comunicação (massivos e alternativos), centros culturais, ONGs de caráter sócio-cultural, universidades, professores da rede pública de ensino, secretarias municipais, órgãos governamentais diversos e lideranças comunitárias, Farol também é termômetro e instrumento norteador para o desenvolvimento de políticas públicas mais afinadas com as demandas e modos de vida das comunidades.
Com tiragem de 25 mil exemplares, a primeira edição da revista Farol foi lançada em outubro de 2006. Atualmente, conta com um Conselho Consultivo de Leitores interdisciplinar, formado por representantes do poder público e da sociedade civil. Essa instância de caráter crítico-participativo vai ao encontro da própria razão de ser da revista, que transcende sua própria publicação e toma para si o desafio de intensificar fóruns de discussão informais nas mais diversas comunidades e entre coletivos, com o intuito de intensificar o debate público sobre a cidade que temos e a que queremos. Portanto, o debate sobre a revista é o debate sobre a cidade, suas fragilidades e potencialidades. E esse diálogo quer se tornar possível em contextos, suportes e situações diversas.



FONTE: Assessoria de Comunicação Secultfor - 31051386 // 88998705

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