terça-feira, 12 de abril de 2011

Tanto para Ler





Os livros que são de todos nós

Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral

Eu tenho um amigo que numa distante juventude roubava livros. Não, não era bonito. Ele e um amigo, parceiros no crime, descobriram da pior forma que a antiga Siciliano do Iguatemi fazia queixa policial e encarcerava sem peso na consciência os amantes da literatura de mãozinhas espertas. Mas o que eu achava mais interessante neles, os larápios, era que havia um código: nunca de bibliotecas.


Quando eu vou numa biblioteca e pego um livro rasgado ou com as páginas marcadas com caneta, sempre lembro desses dois. As bibliotecas eram sagradas porque aí não estariam roubando de uma pessoa mas de todas as outras que poderiam ter acesso àquela obra. Eu gostaria que mais gente pensasse assim. Na biblioteca da minha faculdade do mestrado uma funcionária me mostrou uma vez um livro de história, desses de capa dura e páginas costuradas, completamente rasgado no meio. Alguém roubou algumas páginas e ainda destruiu o livro.


E quem pega livro de biblioteca e esquece de devolver o resto da vida? Leva a mal não, mas isso tem nome: roubo. E pior, como o livro já está presente no catálogo, ele não vai ser comprado de novo tão cedo. Os novos pedidos que ganham prioridade. Ou seja, você praticamente eliminou o livro dela.


Aqui em Fortaleza de vez em quando alguém me diz que não existem boas bibliotecas públicas. Mas não consigo achar uma só pessoa que tenha o cartão da Biblioteca Governador Menezes Pimentel. Eu não tenho. Até já tive, muito tempo atrás, mas venceu e nunca mais pisei nela. Mas lembro da ápoca em que eu ia, e encontrava vários títulos da literatura cearense que me interessavam muito. De graça.


Um acervo de literatura muito bom também tem a Biblioteca de Humanidades da UFC. Apenas alunos podem fazer empréstimos, mas o acesso dentro da biblioteca é livre e gratuito. E ela está toda climatizada. Dá para dedicar uma tarde tranquila à literatura. Eu que não ando em busca de biblioteca em Fortaleza, já conheço essas três. Imagine quantas devem haver. Alguém tem mais alguma para indicar?


Pela democratização da leitura e dos livros, esses locais são essenciais para uma cidade. E essencial também é tratar todos os outros frequentadores com respeito ao manusear um livro de biblioteca. Quebre esta caneta e mantenha longe dos livros. E para ter algumas páginas da obra já inventaram máquina copiadora. Lembre dos meus amigos: por mais caro que um livro seja, de bibliotecas não se rouba! E se for roubar de outro local, tenha um bom advogado. Aliás, já ouviu falar de sebos?

Um comentário:

  1. Bonita Geninha, eu tenho o cartão da Menezes Pimentel! rs E você me conhece, desde que andava de pitós com laços nas madeixas. Gostei do seu texto e gosto das moças dos dedos de moças.
    Bj,
    Raquel.

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