terça-feira, 21 de junho de 2011

Tanto para Ler



José Saramago

Homenagens de junho


Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral


Junho virou um mês ingrato para a literatura. Nele perdemos Jorge Luís Borges no dia 14, há 25 anos atrás, e José Saramago, no dia 18 do ano passado. O primeiro tem sido uma descoberta recente na minha vida, mas o segundo é um amor antigo e um homem que tive a grande honra de ver pessoalmente.
Das homenagens que Borges ganhou, a que mais me tocou foi feita pelos italianos. Um jardim em forma de labirinto feito por 3.200 plantas em Veneza foi inaugurado no último dia 14. A obra se relaciona com o consto “O jardim dos caminhos que sebifurcam” e vem sendo gerada pelo arquiteto Randoll Coate desde 1980. Agora, a Fundação Cini abraçou a causa e quem passar pela Itália por agora já sabe o que não pode perder.
Com uma morte mais recente, e por isso mais provocativa, José Saramago é o tema de diversos eventos neste mês. O Nobel português teve suas cinzas transportadas para os pés de uma oliveira centenária, em drente à Casa dos Bicos, sede da Fundação José Saramago. Portugal viveu por algum tempo a discussão “onde descansará Saramago” se em Lisboa ou na casa em que ele vivia na Espanha. Com a decisão de sua companheira Pilar Del Rio de viver em Lisboa, não restou dúvidas sobre a questão.
Outro evento foi o anúncio do lançamento de três obras da Editoral Caminho. Uma delas, “Palavras para José Saramago” (2011) reúne os textos de jornalistas e críticos literários de todo o mundo nos dias posteriores ao falecimento do autor expressando seus sentimento diante da partida de Saramago. “O Silêncio da Água”(2011) é um fragmento ilustrado de “As Pequenas Memórias” (2006) destinado ao público infantil no qual o autor conta lembranças da infâncias e juventude. Por fim, “A Última Entrevista de José Saramago(2011), de José Rodrigues dos Santos traz exatamente, a última entrevista dada pelo autor.
Os leitores ainda terão um último gostinho de comprar o novo Saramago nas livrarias, aliás dois. Um romance inédito feito em 1953 será publicado em Portugal no fim do ano. E no ano que vem, segundo Pilar Del Rio, a obra “Alabardas, alabardas! Espingardas, espingardas!” que o autor escrevia quando morreu será publicada.
Eu tenho um arrepio quando me dizem dessa história de publicar inéditos guardados e romances inacabados. Quanto aos guardados, sou contra. Se ele não quis publicar na época porque ia querer agora? Vi uma entrevista do Chico Buarque dizendo que destrói tudo não publicado para não ter vergonha depois de morto. E quanto aos inacabados. Aí não me atrevo. A busca pela final da história me perseguiria para o resto da vida...
Mas isso sou eu, quem gosta, aproveita. Aliás,e se bem conheço a personalidade pública de Pilar Del Rio , ainda teremos, enquanto ela for viva, muito o que ler de Saramago. E vida longa às obras de Saramago e Borges!

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