quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tanto para Ler

 
 
 
Bodas na literatura

Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral



Eu tenho uma prima que está entrando na etapa crítica de “faltam 15 dias para meu casamento”. Aparentemente, muitas mulheres temem perder o juízo nesta época. Não posso opinar sobre isso porque eu fui uma noiva muito calminha. Mas, de acordo com o que me dizem, isso foi exceção. O que me levou a pensar, que casamentos legais eu já encontrei pelos livros? Pouquíssimos que já li. Acho que a festa de casamento em si (e o histerismo que a acompanha) rendem muitos filmes, mas não exatamente livros. Ou os livros estão trazendo mais o romance que a cerimônia em si.
O primeiro que me lembrei, e o calor da estreia do último filme pode ser o culpado, foi o de “Harry Potter e as Relíquias da Morte”. O casamento de um dos irmãos Wesley é descrito em detalhes no início do livro com direito a todo tipo de pirotecnia mágica. E ainda tem emoção de sobra na festa. Em “A Hora das Bruxas”, de Anne Rice, também tem um super casamento romântico antes do fantasma sair botando para quebrar na família. E minha lista de leituras sobre o assunto acaba aqui. Se alguém souber outros bons exemplos, favor enviar.
Pesquisando sobre o assunto, Ariano Suassuna tem uma peça chamada “O Casamento Suspeitoso”, que eu confesso que nunca li. Mas trata de um casamento de interesses sendo selado. O casamento movido pelo dinheiro também é a história de “Um assassinato, um mistério e um casamento”, de Mark Twain. Nele, um fazendeiro vê no casamento da filha com um homem rico sua última oportunidade de enriquecer.
E descobri, minha próxima aquisição por sinal, o livro “A convidada do casamento” da maravilhosa escritora norte-americana Carson McCullers. Nele, uma menina de doze anos sofre o sentimento de desconexão com a realidade a sua volta enquanto sonha em fugir junto com seu irmão e a noiva dele. Desconexão e solidão são marcas da autora que também escreveu “O Coração é um caçador solitário” e “A balada do café triste”. Seus personagens são espíritos profundamente abandonados. Amor e ódio e desinteresse estão misturados nas histórias que são muito bem escritas e um tanto poéticas. Um amigo meu um dia comentou que Carson é a Clarice Lispector deles.
Num dos seus contos mais famosos, “Uma árvore, uma pedra, uma nuvem”, um homem para um entregador jornais num bar com um “Amo você” e pede que ele sente com ele por cinco minutos enquanto ele lhe ensina o verdadeiro modo de começar a amar as pessoas. Ainda não alcancei esse amor pelo mundo, mas é interessante saber que ele existe. E seria mais interessante ainda ver esse tipo de amor em um casal, precisava realmente nem ter casamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário