quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Tanto para ler

Histórias que continuam

Eugênia Cabral
@eugeniamcabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br

Fãs do clássico “O Iluminado” entraram em festa nesta semana. O autor Stephen King anunciou segunda-feira (26/09) em seu site que está escrevendo uma continuação da história. Não leu o primeiro livro? Pule para o próximo parágrafo porque aqui vai uma parte do fim. O novo livro mostrará o menino Danny, sobrevivente do terror no Hotel Overlook, como um homem de 40 anos que trabalha num hospital e usa seus poderes para ajudar os pacientes a “mudarem de lado” e se chamará “Dr. Sleep” (Dr. Sono).

O novo livro mostra o pequeno Danny agora um adulto de 40 anos

Continuações de história queridas e vendidas como esta correm um risco enorme. Tanto é possível deixar tudo melhor como estragar o que tinha sido uma boa história. Ira Levin poderia muito bem ter ficado apenas com “O Bebê de Rosemary”, a continuação “O Filho de Rosemary” é qualquer coisa de terrível e tem um final seriamente besta. Dá raiva de ter lido o primeiro.

Por outro lado, “O Senhor dos Anéis” nada mais é que a continuação da história iniciada em “O Hobbit” por JRR Tolkien. Já pensou se ele para no primeiro livro?! No fim da trilogia final, o autor ainda faz um resumo do que foi a vida de cada um dos personagens depois da história da destruição do Anel do Poder. Do início ao fim, nós estivemos na Terra Média.

Alguns autores, principalmente de suspense, se agarram a um personagem e vão criando várias histórias com eles, como Dean Koontz, Sidney Sheldon, Dan Brown e Robin Cook. As histórias trazem a familiaridade de personagens queridos com novas situações e enredos. Tem continuações que até sobrevivem ao próprio autor. Robert Ludlum é o pai legítimo do agente Jason Bourne, mas enquanto ele escreveu apenas três livros com o personagem, o escritor Eric Van Lustbader já escreveu SETE depois da morte de Ludlum.

Para evitar que os herdeiros dela dessem uma de engraçadinhos como os de Ludlum, a britânica Agatha Christie assassinou seu personagem mais famoso, Hercule Poirot. Ela declarou que queria dar um fim digno a ele e fechar sua história. Assim garantiu aos leitores que Poirot não seria transformado em outra coisa na mão de outros autores. Não vou colocar em que livro isso acontece para não estragar a continuação de ninguém.

Há alguns personagens que já continuaram tanto e por tantas mãos que ninguém nem lembra mais qual foi aquela primeira história na qual apareceram. Faz tempo que Drácula não é só de Bram Stoker. Mary Shalley não só perdeu a guarda de Frankenstein como o nome, que era do criador, agora é como ficou conhecido o monstro criado. Faz bem mesmo Stephen King continuar suas histórias. Mas isso não vai impedir que o Hotel Overlook apareça em outros livros daqui uns anos. Afinal, a gente cria filho é para o mundo, né?

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