quarta-feira, 30 de março de 2011

Xico Sá volta a Fortaleza com seu “Chabadabadá”






O escritor, jornalista e conselheiro de alcova Xico Sá volta à capital cearense depois de cinco anos para o lançamento do seu livro de crônicas Chabadabadá pela editora Record. O premiado jornalista se apresenta em três eventos para sessão de autógrafos e bate-papo sobre futebol, jornalismo, internet, literatura e outros papos pra lá de imperdíveis dia 06 de abril (Boteco do Arlindo, 20hs); Dia 07 de abril (Livraria Saraiva, Iguatemi, 19hs); e Dia 08 de abril (Buoni Amici´s, 19h30min) 

Ele pode ser visto num clip do cantor Sidney Magal ou no filme “O Cheiro do Ralo” contracenando com o ator Selton Melo, ou ainda batendo um ‘papo cabeça’ com jornalistas e celebridades no programa ‘Saia Justa’ do canal GNT. Às terças, Xico ataca de comentarista esportivo no programa Cartão Verde, da TV Cultura.

Assim é o Xico, um camaleão bem cearense, lá das bandas do Cariri, mais especificamente do Crato, e que há mais de 10 anos, como ele próprio diz, faz o que gosta: escrever para os mais diversos públicos, principalmente o feminino.

Em seu novo livro de crônicas, Xico Sá ironiza os dilemas do macho perdido e da fêmea que se acha. Décimo livro de Xico, “Chabadabadá – Aventuras e Desventuras do Macho Perdido e da Fêmea que se Acha”, reúne crônicas – boa parte publicada em jornais e revistas – em que ele tenta desvendar os dilemas do macho sem esquecer das fêmeas que se acham. Trata-se de um guia precioso para entender os tempos dos homens frouxos, perdidos diante da modernidade da fêmea.

Após cinco anos, o escritor, blogueiro, jornalista e colunista cearense Xico Sá volta à Fortaleza em dose tripla para deixar seus leitores completamente saciados. No Boteco do Arlindo, Dia 6 de abril, 20hs, e onde Xico se sente mais em casa do que nunca, acontecem ‘Orgias Literárias com Xico Sá’, um evento para maiores e sem censura. 

Na quinta, dia 7, é a vez da Livraria Saraiva (Shopping Iguatemi), receber o jornalista para um bate papo sobre sua mais nova obra. E na sexta, dia 08, o Amici´s recebe estudantes de jornalismo e cronistas esportivos batem uma bola com o escritor sobre jornalismo, futebol e internet. 


MUNDO LIVRO – LITERATURA AO ALCANCE DE TODOS

Através do projeto MUNDO LIVRO, a Letra Viva pretende expandir e estimular esse tipo de evento e programação, visando oportunizar o acesso do “livro” a novos leitores e consolidar a leitura como bem cultural entre os que já mantêm esse hábito.

O objetivo é valorizar novos talentos locais e promover o acesso mais democrático à literatura. “Geralmente a literatura é tratada como uma expressão cultural de elite, onde poucos têm direito a conhecer, dialogar, produzir. O projeto pretende mudar um pouco essa realidade e trazer mais leitores para esse universo”, explica Aécio Santiago, um dos idealizadores do projeto.



XICO SÁ PARA TODOS 

Para a estreia do projeto nada melhor do que o cearense Xico Sá, esse amante da poesia de boteco, jornalista que passeia pelo gênero da crônica como poucos. Para quem ainda não foi apresentado ao cearense natural do Crato, Xico Sá já escreveu para vários jornais e revistas de renome do país, vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo (o mais cobiçado e aclamado do meio), ex-colunista da Folha de São Paulo, é reconhecido como um dos melhores textos do jornalismo brasileiro. 

Como escritor, é dono de um estilo peculiar, espontâneo e despojado, que vem conquistando cada vez mais leitores país afora. No Ceará e no Nordeste, além de já ter assinado uma coluna no jornal Diário do Nordeste, Xico Sá assinou o texto do livro-documentário "Nova Geografia da Fome", lançado pelo Banco do Nordeste, em abril de 2004, e já participou como convidado especial do “Papo XXI”, Programa do Centro Cultural Banco do Nordeste de Fortaleza, em maio de 2003, apresentando e debatendo sobre o tema “Cultura e Imprensa - Como a Grande Imprensa mostra (ou esconde) a Cultura Nordestina”.        

Na sua última estada em terras cearenses, em 2006, Xico Sá lançou o livro de crônicas “Catecismo de Devoções, Intimidades e Pornografias”, no Buoni Amici’s, e bateu um papo descontraído com alunos de jornalismo em uma universidade de Fortaleza, conquistando cada vez mais um público heterogêneo. 

SERVIÇO:06 de abril, quarta-feira, Boteco do Arlindo, 20hs (gratuito) / informações 3021.4982;
07 de abril, quinta-feira, Livraria Saraiva, Iguatemi, 19hs (gratuito) informações 3241.1986; 
08 de abril, sexta-feira, no Buoni Amici´s, 19h30min (gratuito) informações 3219.5454
Informações: (85) 8723.1539 (Aécio) ou 8694.1539 (Galba)
www.letravivaci.com.br
@aeciosantiago
@letravivaci

terça-feira, 29 de março de 2011

Tanto para Ler





Uma questão de sorte ou cuidado?


Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral

 A atriz Jennifer Garner (da série “Alias” e do filme “Elektra” (2005)) foi escalada para viver Miss Marple no cinema. Nada contra a atriz, eu adorava a série, mas isso significa que a sexagenária personagem de Agatha Christie que desvenda crimes através de seu profundo conhecimento da natureza humana será uma senhora Garner jovem, bonitona que eu tenho certeza que vai correr, bater e saltar. Tadinha da Agatha, não deu sorte.
E olha que ela era, na minha opinião, uma das autoras de sorte. Em geral, suas adaptações geram ótimos filmes. O ator britânico David Suchet fez uma série de filmes para televisão como o detetive belga Hercules Poirot muito boa. E na última versão do cinema de “Assassinato no Expresso Oriente” (2001), Alfred Molina interpretava o detetive. Alguns escritores, parecem ter sido feitos para virar roteiro. Ou será que não é sorte?
Por exemplo, você conhece Michael Crichton? Eu aposto que sim. Porque ele é o autor dos livros “Parque dos Dinossauros” (sabe aquele filme do Spielberg?), “Congo” e “O Décimo Terceiro Homem”. Ah, conhece, né? Pois ele era tão envolvido com o mundo do cinema e da TV que foi também um dos criadores da série “ER” (Plantão Médico), que teve (salvo engano) 11 temporadas.  Autores como ele arregaçam as mangas e não deixam margem para erro. Crichton participava ativamente na produção e nos roteiros. JK Rowling selecionou pessoalmente o ator que seria Harry Potter no cinema e aprovou todas as mudanças necessárias. Então é cuidado? Mas e filmes como “Ensaio sobre a Cegueira” (2008) que José Saramago deixou completamente a cargo do diretor e não interferiu em nada? Deve então ter algo a ver com os astros.
Nem quem costuma ser exemplo de excelentes adaptações como Stephen King está salvo. Das suas obras, originaram clássicos como “O Iluminado”, “Cemitério Maldito” e “À Espera de um Milagre”.  O livro de contos “Quatro Estações” (2001) rendeu não apenas um, mas três filmes: “A primavera eterna” virou o maravilhoso “Um sonho de liberdade” (1994), “Verão da corrupção” o aterrador “O aprendiz” (1998) e “O Outono da Inocência” se transformou no clássico filme de juventude dos anos 80: “Conta comigo” (1986).  Você pensaria que ele estaria salvo de fracassos. Até assistir ao “O Apanhador de Sonhos” (2003).
Por outro lado, você tem um autor como Dean Koontz com ótimos livros que não consegue encontrar um roteirista de mão cheia. As adaptações dele são todas sofríveis. Já viu “Fantasmas” (1998)? Não se preocupe, ninguém mais viu também.
Quando os astros se alinham, acontece um negócio como no filme “O Colecionador de Ossos” (1999). O casal recorrente em várias de suas obras estreou no livro com mesmo nome do filme: Lincoln Rhyme e Amelia Sachs. Eles sofreram duas mudanças na adaptação. Rhyme, que era um detetive branco, virou ninguém menos que Denzel Washington. E Deaver pediu que o sobrenome de Amelia passasse de Sachs (pronunciado ‘sex’) para Donaghy quando soube que Angelina Jolie havia sido escalada para fazê-la. O rapaz evitou as piadas e ganhou um sucesso de bilheterias que foi a primeira obra a tratar do universo da perícia no combate ao crime no cimena. Moda que inspirou uma ruma de filmes e séries como o sucesso da televisão “CSI” (já na nona temporada). Esse deu sorte! Mas tadinha da Agatha Christie...

terça-feira, 22 de março de 2011

Tanto para Ler



O sertão de Patativa a nosso alcance



Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral


Tem algumas idéias que, quando colocadas em prática, chocam pela obviedade da coisa. Unir os textos do escritor Gilmar de Carvalho às imagens do fotógrafo Tiago Santana em um livro sobre Patativa do Assaré era elementar, compadre Watson. Ontem, na Livraria Cultura em Fortaleza, foi lançado “Patativa do Assaré – O sertão dentro de mim” (2011, 144 páginas, R$95,00).
O livro é lindo como nós sabíamos que seria. A publicação da Tempo de Imagem/SESCSP é impecável em qualidade de papel e diagramação. As imagens de Tiago Santana (muito preto e branco) intercaladas com as xilogravuras do artista João Pedro e os textos produziram uma obra que você vai lendo, e relê, e daqui a pouco descobre outra imagem e mais outra. A foto de abertura com uma árvore sem folhas e umas vacas é daquelas que provocam uma mistura de melancolia com saudade. Aliás, descobri que muitas das imagens “clássicas” usadas sobre o escritor são do Tiago.
O fotógrafo, que desde criança freqüentava a casa de Patativa em Assaré, passou dois anos acompanhando o poeta para este ensaio. A sensação de “ser de casa” aparece em muitas das fotos pela gentileza e intimidade. O texto do Gilmar de Carvalho completa a sensação de encontrar Patativa em seu lar, como Gilmar foi tantas vezes. O autor descreve a chegada, suas primeiras impressões (“aquela casa era vida”), o entorno, o homem e muito das emoções e idéias do poeta do sertão. Sem contar a própria poesia de Patativa que ilustra também o livro.
A publicação homenageia o aniversário de 102 anos de Patativa, no dia 05 de março. Nascido Antônio Gonçalves da Silva, na região do Cariri, ele é dono de uma obra ora versátil e brejeira, ora reflexiva. Muitas vezes, aborda a situação do sertanejo e questões sociais brasileiras, o que chegou a valer um mandato de prisão para o poeta durante a ditadura militar.
O lançamento merece um capítulo a parte. A interação entre os participantes foi animadíssima. Debate sobre papel das secretarias de cultura, situação da escrita em Fortaleza. Interrompiam-se, respondiam-se, implicavam-se. Um negócio tão cearense quanto Patativa esteve presente: aquele grito “Iiih!”.
Um participante iniciou um testemunho sobre sua convivência com Patativa. Outro gritou: “O senhor não disse seu nome!”. Grito de volta: “Eu posso dizer mas o senhor também não disse o seu quando falou!”. “Iiih!” Um outro falava do Festival de Rebeca (ao que o público responde gritando: “RAbeca!”) e comentou “evento que vocês todos foram convidados”. Um menino vira e pergunta: “Eu fui?”.
Ao fim, Gilmar de Carvalho alerta que as duas grafias são permitidas “rebeca” e “rabeca”. Comenta que fica feliz que os lançamentos de livro tenham se tornado hoje em Fortaleza cada vez menos sobre os autores e mais sobre a obra e a cultura cearense. E com aquela elegância mordaz que só meu querido professor tem, finaliza: “Espero que tenham gostado do talk show. Pode ser que alguma TV pública se interesse porque sempre foi meu sonho apresentar um”. Ironia fina...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Revista da Cultura inaugura versões para iPad e iPhone

 
 
A Livraria Cultura que acaba de lançar a Revista da Cultura em versão para iPad e iPhone. Com nova roupagem, a publicação mensal apresenta conteúdo interativo com links exclusivos para reportagens, arquivos sonoros, textos extras, álbuns de fotos e imagens, além de arquivos de vídeo. “O leitor poderá escolher o que quer ler e ver na revista, conferir entrevistas com o áudio do que não foi para o papel e as opções de capas que não foram escolhidas. É uma novidade bastante moderna e interessante, com adicionais dinâmicos que ficarão à disposição do leitor, na ponta dos dedos”, diz Pedro Herz, presidente do Conselho Administrativo da Livraria Cultura.

Além do formato para iPad e iPhone, a Revista da Cultura já possui uma versão online, que é enviada por e-mail para mais de 1,6 milhão de clientes que solicitaram o recebimento (opt in), e 25 mil exemplares impressos disponíveis gratuitamente em todas as lojas da rede mês a mês. Desde fevereiro de 2010, passou a oferecer o serviço de assinatura como mais uma opção para seus leitores, podendo recebê-la no endereço que desejarem pagando por isso somente o valor do frete.
 
 

quinta-feira, 17 de março de 2011

Dedo de Prosa







As cidades e os livros


Por Cristina Carneiro
cristinacarneiro@dedodemocaseditora.com.br
@criscalina

E se Tóquio desaparecesse? E se todas as cidades sumissem e nós, depois de fugirmos com nossas malas abarrotadas de livros, nos encontrássemos num descampado e decidíssemos reconstruir o mundo, quais cidades encontraríamos nos livros?

Encontraríamos um pouco de Tóquio em “O Sol se Põe em São Paulo”, de Bernardo de Carvalho, e em “As Travessuras da Menina Má”, de Mario Vargas Llosa. Aliás, em “As Travessuras...”, encontraríamos Londres, Tóquio, Madri e Paris.

Aliás, Paris e o que se faz lá encontramos fácil nos livros. E nessa de refazer o mundo, bem que podíamos, baseados na constância de Paris nos livros, reconstruir umas cinco Paris espalhadas, para a versão francesa não ficar tão sobrecarregada.

Ainda na Europa, descobriríamos uma cidade amarela com um rio chamado Danúbio: é a Budapeste do Chico Buarque, no “Budapeste”.

Nas bandas daqui, a cidade do Rio de Janeiro seria a mais facilmente encontrada. Talvez até tivéssemos de ler “A Cidade Partida”, de Zuenir Ventura, para ter certeza de que os Rios que acontecem nos livros dizem respeito a uma única cidade. E conheceríamos Ilhéus, em “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado; o Pantanal, no Manoel de Barros (estaria na minha mala); Fortaleza, nas crônicas de Milton Dias.

Mas nem todos os livros se passam numa cidade específica. Em “Ensaio sobre a Cegueira”, Saramago cria uma cidade imaginária, que não é uma cidade do mundo, mas é uma cidade que quem lê o “Ensaio...” guarda na memória uma forte lembrança. Na verdade, muitos livros sequer passam numa cidade específica, essas serviriam para nos inspirar livremente.

Bom, mas, se eu fosse escolher um livro com uma cidade, eu escolheria “O Encontro Marcado”, de Fernando Sabino. Lá tem uma Belo Horizonte boêmia, em que um grupo de amigos erram pela noite – principalmente na Praça da Liberdade – a tratar de questões existenciais. Acho que seria de bom tom começar o mundo numa praça de uma cidade boêmia, a encarar conflitos existenciais.

terça-feira, 15 de março de 2011

Tanto para Ler



A Arca da Literatura


Por Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral


Os recentes e trágicos acontecimentos no Japão fizeram pipocar pela Internet lembranças do filme 2012, aquele em que tudo se acaba para a maioria da humanidade. Eu também não só lembrei como cheguei, pela primeira vez, a refletir seriamente sobre a ideia. Me vi olhando em volta e imaginando um plano de ação caso alguém avise que uma onda gigante resolveu visitar minha cidade. Pego documentos, fotos (nem pensar em deixar fotos), notebook e... olhei para a estante de livros. O que me lembra uma cena do 2012 na qual uma personagem comenta ao ver a mala de outro: “Nem uma escova de dentes, só livros!”.

E agora, vai: quem do mundo literário você levaria na sua mala? Literatura, certo? Minha Bíblia também iria mas isso é outra questão. Vamos supor que Machado de Assis, José de Alencar e toda a turma considerada clássica já estivesse na Arca. Que obras de literatura merecem estar presentes nas gerações futuras? 

Se o Luís Fernando Veríssimo não fosse, como se saberia da vida cotidiana brasileira? Rubem Fonseca também tinha que estar lá, por favor. Adélia Prado já é considerada clássica? Se não, vou pegar este aqui. E, claro, iam os meus da Rachel de Queiroz, Oliveira Paiva, Ana Miranda e quem mais relacionado a Ceará eu conseguisse alcançar. Sou muito barrista, mas se a gente fizer um plano de ação no estilo cada um salva os do seu Estado talvez fosse mais efetivo que um plano nacional. Recomendo e já podemos combinar.

E na literatura internacional? Meu coração não deixaria para trás Saramago, Gabriel García Marquez, Inês Pedrosa e Rosa Monteiro. Vai que os países deles não se prepararam para o evento e eu sou a responsável pelos sobreviventes da humanidade não terem acesso a eles?

Pensando assim, faria questão de levar comigo Stephen King, Dean Koontz, Robin Cook e Jeffery Deaver. Todos autores de suspense e ficção. Nenhuma grande lição de vida ou reflexão sobre a humanidade saída facilmente deles, mas são obras que adoro e cultura também é lazer. Ah, mas os sete Harry Potter e todas as revistas da Turma da Mônica também precisam caber aqui. E as revistas do X-Men também.

E quando todos os sobreviventes se reunissem no novo mundo, seja como for este, nós iríamos catar os livros, revistas, cadernos e pergaminhos nas bolsas afortunadas que chegaram até lá. O resultado seria uma única e enorme biblioteca com as obras da literatura mundial. E teria que ser inventado um novo método para catalogar as diversas línguas, formatos e estilos de tantos, tantos livros. Uma imagem que Jorge Luís Borges iria certamente amar. Opa, também tenho que colocar Borges na minha mala.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Do infantil ao jurídico




FOTO MARINA CAVALCANTE


O trabalho da Dedo de Moças, como vocês sabem são as produções editoriais. Edição de livros e muito material corporativo. Alguns posts atrás vocês conheceram o livro A Rabeca Encantada de Violina, editado pelas moças aqui. Pois é, quem conheceu o livro, aprovou. E o motivo dessa boa recepção está, entre outras coisas, na sua identidade visual.
 

A criação de A Rabeca Encantada de Violina teve uma relação sentimental bem forte e quem conhece a autora sabe que a Violina estão muito ligadas, praticamente uma mescla entre criatura e criador. Isso tudo é para dizer da importância que a identidade visual vem ganhando em nossos projetos.
 

Atualmente, as atenções estão focadas em um projeto de linguagem mais difícil, a jurídica. E por isso mesmo, o cuidado com o projeto gráfico é ímpar.
 

Cores, fontes e demais imagens escolhidas a dedo (de moças e moço) para que o leitor tenha uma empatia quase imediata com a publicação. O resultado vocês devem conferir aqui em breve!
 

Nosso site ainda está em construção, mas nossos contatos estão lá!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Dedo de Prosa


A capa e o livro



Por Cristina Carneiro
cristinacarneiro@dedodemocaseditora.com.br
@criscalina

Há quem escolha um livro porque ele estava na lista dos mais vendidos, ou pela indicação de um amigo, pelo autor, por uma resenha no jornal da cidade, ou até pela editora, quando se acredita piamente na editora. Existem infinitas formas de se escolher um livro ao entrar numa livraria. Há quem passe horas a ler as lombadas dispostas nas estantes, sem lembrar que o advento dos ereaders e dos ebooks ameaça esse tipo de passeio pelos livros (mas isso é outra coluna).

No meio dessas infinitas maneiras de se escolher um livro, tem a mais prosaica de todas, que é escolher o livro pela capa. Esse método de escolha é mais do que prosaico, é simplório. Erra-se, mas acerta-se também.

Outro dia escolhi um livro pela capa, empurrada por uma crítica lida na Veja (!).O dito cujo é hoje classificado como um dos piores livros que já li: “Talvez uma história de amor”, de Martin Page (Rocco). Erro crasso, apostar numa história de amor. Ironia à parte, o livro trazia outros sinais claros de ruindade. Li até o final só para ter certeza de que ele não renderia sequer uma página-oásis. E não rendeu.



Mas é possível acertar. Certa vez, comprei um pequeno livro de capa nostálgica. Quando a caminho do caixa, já com a experiência passada, li por cima o nome do autor (Ondjaki) e da editora (Língua Geral, que, aliás, tem capas lindas), melhorando minha confiança de que eu teria uma boa leitura. "Os da minha rua" tem suas irregularidades, mas é bem poético.

Acertei outras tantas vezes. Numa dessas, vi uma nova edição do livro de um autor conhecido, mas nunca lido por mim. Flertei um tempo com a capa até que me rendi. Não gerou arrependimento, o livro (“A Trégua”) e o autor (Mário Benedetti) fazem jus à bela capa da Alfaguara. Aliás, se depender das capas da Alfaguara, é possível escolher todos os livros pela beleza das capas.





*****

A propósito da coluna anterior, eu me referia a pouca frequência do Carnaval como cenário somente em romances brasileiros. Existem muitas crônicas e contos com o cCrnaval de cenário das histórias. Inclusive, Sérgio Rodrigues, colunista do site da Veja, fez uma pequena antologia de crônicas e contos de Carnaval. Confira!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Dedo de Prosa

                         Livros de Carnaval


Por Cristina Carneiro
cristinacarneiro@dedodemocaseditora.com.br
@criscalina

O Carnaval como cenário na literatura brasileira parece ser inversamente proporcional à mobilização causada pela festa. Desde que o Carnaval é Carnaval, as histórias carnavalescas de encontros, desencontros, brincadeiras, amores e desamores rendem uma vasta produção musical e cinematográfica (pelo menos já rendeu, nos tempos das chanchadas da Atlântida). Mas, na ficção literária, o Carnaval parece não inspirar muito.

Esforcei-me, mas não recordei mais de um Carnaval entre os livros que li. Lembrei apenas de uma rápida passagem no livro “O Amanuense Belmiro”, de Cyro dos Anjos. “Neste carnaval de 1935, hoje começado, mais do que nunca senti de modo tão vivo a impossibilidade de me fundir na massa, de seguir, como célula passiva, seu movimento de translação, de receber e transmitir essas forças misteriosas que nela atuam, comunicando-se de indivíduo para indivíduo e resultando, afinal, numa força uniforme, esmagadora, de onda ou ciclone. (...)”

Buscando esses carnavais literários, descobri que um ou outro livro infanto-juvenil, como “Arlequim”, de Ronaldo Correia de Brito e Assis Lima, introduzem as crianças no universo do Carnaval. Na literatura adulta, há apenas uma quantidade ínfima, bem dizer, diante do rebuliço que a festa causa todos os anos no Brasil.


Um carnaval ou outro

Um romance que tem o carnaval como cenário, mas que não é tão original assim, é “Sonho de uma Noite de Verão”, de Adriana Falcão. Adriana bebe da peça shakespeariana, de mesmo nome, para recontar a história em pleno carnaval baiano. Falando em baiano, Jorge Amado até escreveu “O País do Carnaval”, mas o livro não tem o carnaval como cenário.

Dos livros que encontrei, o que me pareceu o mais carnavalesco foi “Carnaval”, de João Gabriel de Lima (Objetiva, 2006), que tem como cenário o Carnaval carioca. “Carnaval” conta a história de Pedro, um paulista entediado que decide passar o Carnaval no Rio em busca da amante. No Rio, Pedro se integra aos blocos carnavalescos da Zona Sul e descobre personagens da Lapa. Comentários sugerem que o livro é um elogio ao Rio.


Com respaldo científico é outra história
Ao contrário da literatura ficcional, o Carnaval é assunto dissecado na literatura acadêmica. Centenas de livros abordam o carnaval sociologicamente, antropologicamente e historicamente. Há também muitos livros fotográficos que registram os carnavais. De duas uma, ou as duas: ou a efemeridade do Carnaval não inspira criação literária ou as histórias carnavalescas são incontáveis (não no sentido numérico, mas no de não se dever relatar, para o bem da moral e dos costumes).

Então, que neste carnaval todos vivam histórias inenarráveis!

terça-feira, 1 de março de 2011

Tanto para Ler



O domingo levou Moacyr Scliar

Por Eugênia Cabral
eugeniamc@gmail.com
@eugeniamcabral


Domingo é um dia que já chega ligeiramente caído e com olhar perdido. Mas neste último, veio empalidecer o domingo a notícia da morte do escritor gaúcho Moacyr Scliar, que nos deixou aos 73 anos, vítima de um AVC. Sua última crônica publicada na “Folha de São Paulo”, no dia 17 de dezembro ou de janeiro (o site da Folha apresenta as duas datas) tem como título “A Mulher sem medo” e fala do sofrimento de um homem que casou com uma mulher sem medo de nada.
Moacyr Scliar escreveu vários romances literários e sobre Medicina, já que nunca deixou de atuar nesta área. Mas para mim, ele era o escritor de crônicas. Daquelas que vinham no livro didático de português que hoje em dia algum estudioso de pedagogia deve chamar de retrógado e ‘deseducativo’, mas que me ensinou tudo o que sei de português e de crônicas. A seção abria com uma crônica ou às vezes poema, depois, eram exercício de interpretação de texto, gramática, ortografia e terminava com uma tarefa de escrita. Lembra, né?
Nestes livros, eu conheci o Scliar que depois me encantou na coleção “Para Gostar de Ler” da Ática em um “Um país chamado infância”. É uma coletânea de crônicas infantis. Infantis de inocentes, de engraçadas e de enternecedoras. O livro é dividido em três momentos: Travessuras, Momentos inesquecíveis e Pais e filhos.
Eu adoro “Deixa a luz acesa, Pai” no qual o pai que repreende o filho por temer o escuro é em seguida engolfado por todos os medos que ele mesmo tem da vida. Mas, um dos meus preferidos é também “Nem Doeu”. Que eu deixo aqui, em trechos, em agradecimento às risadas que eu dei lendo seus textos, Moacyr Scliar. Que sua alma siga sem medo e sem dor.


O momento chega para todos os pais, por mais esclarecidos que sejam, por maior que seja sua bagagem pedagógica ou mesmo seus sentimentos de culpa. Chega um momento em que os filhos enchem tanto o saco, que o pai, ou a mãe, não agüentam e acabam dando uma palmada no pequeno demônio. (...)
A coisa é tão súbita que a primeira reação do garoto é de incredulidade. Ele não pode acreditar que seu velho e inerme pai, aparentemente dotado de uma resignação bovina, se tenha revoltado de repente e proclamado sua independência. Mas o fato é que aconteceu; e ali ficam os dois a se olharem, o próprio pai meio surpreso com sua súbita explosão.
O momento seguinte varia, de acordo, talvez com a força da palmada e com a expressão de fúria do pai, mas, mais provavelmente, com o temperamento da própria criança. Tem os que em seguida abrem o berreiro, provavelmente ampliado pela vontade que têm de causar culpa no pai. Tem os safados que resolvem levar na brincadeira e começam a rir. Tem os que vão se queixar para a mãe ou para os avós. Tem os que fazem ameaças. E tem aqueles que arregalam os olhos, engolem em seco, e dizem simplesmente: nem doeu. (...)
A dor já é algo difícil de agüentar. Mas ter de suportar a dor, dizendo que nem doeu é coisa para herói. Os que dizem nem doeu são os que mudam a face do mundo. Com ou sem palmadas no traseiro deste.”