quinta-feira, 17 de março de 2011

Dedo de Prosa







As cidades e os livros


Por Cristina Carneiro
cristinacarneiro@dedodemocaseditora.com.br
@criscalina

E se Tóquio desaparecesse? E se todas as cidades sumissem e nós, depois de fugirmos com nossas malas abarrotadas de livros, nos encontrássemos num descampado e decidíssemos reconstruir o mundo, quais cidades encontraríamos nos livros?

Encontraríamos um pouco de Tóquio em “O Sol se Põe em São Paulo”, de Bernardo de Carvalho, e em “As Travessuras da Menina Má”, de Mario Vargas Llosa. Aliás, em “As Travessuras...”, encontraríamos Londres, Tóquio, Madri e Paris.

Aliás, Paris e o que se faz lá encontramos fácil nos livros. E nessa de refazer o mundo, bem que podíamos, baseados na constância de Paris nos livros, reconstruir umas cinco Paris espalhadas, para a versão francesa não ficar tão sobrecarregada.

Ainda na Europa, descobriríamos uma cidade amarela com um rio chamado Danúbio: é a Budapeste do Chico Buarque, no “Budapeste”.

Nas bandas daqui, a cidade do Rio de Janeiro seria a mais facilmente encontrada. Talvez até tivéssemos de ler “A Cidade Partida”, de Zuenir Ventura, para ter certeza de que os Rios que acontecem nos livros dizem respeito a uma única cidade. E conheceríamos Ilhéus, em “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado; o Pantanal, no Manoel de Barros (estaria na minha mala); Fortaleza, nas crônicas de Milton Dias.

Mas nem todos os livros se passam numa cidade específica. Em “Ensaio sobre a Cegueira”, Saramago cria uma cidade imaginária, que não é uma cidade do mundo, mas é uma cidade que quem lê o “Ensaio...” guarda na memória uma forte lembrança. Na verdade, muitos livros sequer passam numa cidade específica, essas serviriam para nos inspirar livremente.

Bom, mas, se eu fosse escolher um livro com uma cidade, eu escolheria “O Encontro Marcado”, de Fernando Sabino. Lá tem uma Belo Horizonte boêmia, em que um grupo de amigos erram pela noite – principalmente na Praça da Liberdade – a tratar de questões existenciais. Acho que seria de bom tom começar o mundo numa praça de uma cidade boêmia, a encarar conflitos existenciais.

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