quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Tanto para Ler



Leia e deixe ler


Eugênia Cabral
eugeniacabral@dedodemocaseditora.com.br
@eugeniamcabral

Conversando sobre literatura, já perdi as contas de quantas pessoas vi comentarem: “Eu leio de tudo! Menos Paulo Coelho e autoajuda!”. Inspirada por elas, vamos falar dos preconceitos literários. Comecemos com autoajuda. Pausa para superarem os arrepios de nojo. Pronto?
Eu já mergulhei nessas águas profundas e gélidas. Comento aqui o que trouxe de volta e ignoro o que deixei por lá porque não merecem nem nome. Sim, há um bocado desses livros que é um grande apanhado de clichês. Não é todo mundo que tem disciplina e automotivação de lutar para se tornar melhor e é muito fácil delegar as decisões sobre a sua própria vida (o que é para mim o coaching). Aí a pessoa agarra um livro “Como ser qualquer coisa” ou “Cartas a um jovem qualquer coisa” e acredita que o autor vai ter a solução da sua vida. Ledo engano. Dinheiro gasto e tudo na mesma.
Só que existe mais que isso nas prateleiras da autoajuda. São livros de especialistas em um assunto que fornecem informações a leitores que se interessam por aquilo. Afinal, não é porque eu quero me alimentar melhor que tenho que ir fazer Nutrição. Ou posso só estar atrás de algumas informações sobre Feng Shui para minha sala de jantar.
Eu particularmente leio autoajuda financeira: investimentos, controle de gastos, uso de juros, planejamento... A minha vida financeira atualmente vem das coisas que eu leio (ok, ainda não estou na fase de investimentos). Não achei nenhum livro que me ensinasse a ficar rica e sair comprando qualquer um deles é gasto bobo. “Investimentos Inteligentes” do Gustavo Cerbasi é um bom livro, bem amplo, para quem quer fazer o dinheiro render e não tem ideia de por onde começar.  Desnecessário o “Guia de Estudos” que o autor publicou depois.  
Também não é que se concorde com tudo. Cerbasi é contra a compra de imóveis, ele defende que você deve alugar e deixar o dinheiro da casa render. Acredita que deveríamos mudar de casa sempre que mudássemos de emprego, para economizar no transporte. Faz sentido. Mas para mim, não serve. Na realidade cearense, não precisamos (ainda) disso. E na realidade brasileira, considero importante para a família ter a segurança de ter um lar mesmo se faltar emprego.
 Minha tia tem lido “Anticâncer”. David Servan-Schreiber teve um câncer de cérebro diagnosticado e viveu 20 anos depois disso. Ele escreve sobre a alimentação e esta doença. Apresenta pesquisas, é até cansativo de tantos dados embasando o texto, para explicar como modificou a própria alimentação. Tia Eliana tem sofrido por não comer mais pão branco, porém, tomou algumas decisões sérias de saúde baseadas neste livro como finalmente controlar o colesterol.
Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, tem organizado a coleção “Na vida como no esporte”, com a editora Sextante, de livros de esportistas. A coleção é um exemplo clássico do que pode ser autoajuda. “Nunca deixe de tentar”, do Michael Jordan, é um livro sem nada novo.  Aquele apanhado de clichês citado lá em cima: nunca desista, foque metas pequenas, tenha disciplina... Por outro lado, “Jogando para Vencer”, de John Wooden, mostra a filosofia do técnico: nunca pensar no outro time e focar sempre e apenas em jogar melhor. Eu não sei fazer isso, me instigou. Recomendo gastar os 60 minutos de leitura que ele toma.
Eles podem estar como “Liderança”, “Gestão”, “Medicina” e eu vi uma vez como “Desenvolvimento Humano” (bonito, né?). Não se engane, todos são autoajuda mesmo. Pertencentes ao conceito básico de “obtenha as informações e trabalhe”. Se você deixar cair o preconceito e enfiar as mãos nas prateleiras, consegue achar muito trigo em meio ao joio.

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