quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Dedo de Prosa




Quem são os jovens escritores brasileiros?





Por Cristina Carneiro
crica.carneiro@gmail.com
@criscalina




Há alguns anos, com uma pergunta na cabeça – quem são os jovens escritores brasileiros? – fui atrás de ler as obras desses jovens autores. Eu queria saber quem eram, de onde vinham, do que falavam. Comecei com a Adriana Lisboa, e li o ótimo “Os Fios da Memória”, o bom “Sinfonia em Branco”, o regular “Um Beijo de Colombina” e o fraco “Rakushisha”. Depois li uns rapazes: Bernardo de Carvalho (“O Sol se põe em São Paulo”), Daniel Galera (“Até o Dia em que o Cão Morreu”) e João Paulo Cuenca (“Corpo Presente” e “O Dia Mastroiani”).

Depois de um tempo, essa turma – Adriana Lisboa, Bernardo de Carvalho, João Paulo Cuenca, Daniel Galera e outros – foi convidada pela Companhia das Letras para escreverem livros para uma nova coleção da editora: Amores Expressos. No projeto da coleção, cada autor viajaria para uma cidade diferente do mundo para, em seguida, escrever um romance, que fosse, de alguma forma, inspirado na experiência viajante. Houve confusão. Adriana Lisboa, por exemplo, saiu do projeto e publicou seu livro, depois de uma viagem à Paris, pela Rocco Editora. Outros autores seguiram adiante e, com o selo da coleção, saíram: “Cordilheira”, de Daniel Galera, que foi a Buenos Aires; “Do Fundo do Poço se vê a Lua”, de Joca Reiners Terron, que foi ao Cairo; “Estive em Lisboa e lembrei de Você”, de Luiz Ruffato, “O Filho da Mãe”, de Bernardo de Carvalho (São Petersburgo) e “Único Final Feliz para uma História de Amor”, de João Paulo Cuenca (Tóquio).

Sistemas de leitura
Para descobrir jovens autores ou mesmo autores que nunca antes se ouviu falar, nem jamais se imaginou, volta e meia adoto alguns sistemas de leituras, como esse, de ler jovens autores brasileiros. A Eugênia Cabral, na coluna Tanto pra Ler, deu uma brilhante ideia para um sistema de leitura: ler livros de autores dos países em revolução: Egito, Líbia, Bahrein, Tunísia, e assim é que se desbrava o mundo.

Há também um outro sistema de leitura que certa vez adotei: ler os livros das finais da Copa de Literatura Brasileira. A Copa de Literatura Brasileira é um campeonato informal em que jurados lêem, ao longo de alguns meses, 16 romances brasileiros recém-lançados. A cada jogo, dois livros são lidos pelo mesmo jurado. O vencedor passa para a rodada seguinte, e assim a copa segue com quartas-de-finais e a grande final, em que todos os jurados votam e elegem o campeão. As decisões dos jogos são justificadas por resenhas. Foi assim que resolvi ler “O Filho Eterno”, de Cristóvão Tezza, uma ótima surpresa. “O Filho Eterno” foi o ganhador da Copa de 2008. A versão 2010/2011 da Copa começa no dia 28 de fevereiro. É uma boa para se saber quem são os novos autores por aí.

Sistema regional
Num tópico da comunidade dos skoobers cearenses (Skoobers – CE), no Skoob, alguém pergunta qual o autor cearense preferido dos participantes do grupo. Ao que respondem: Alcides Pinto, Rachel de Queiroz, Moreira Campos, Milton Dias, José de Alencar, Natércia Campos. Dos mais jovens, citam a Tércia Montenegro. Quando se pergunta quem são os jovens autores cearenses, cita-se um ou outro. Muitas vezes, só de nome é que se conhece mais. De ter lido a obra, menos. Bom, eis uma ótima ideia para um sistema de leitura: quem são os jovens autores cearenses? Alguém a me indicar obras?
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Frase mais romântica da literatura brasileira
Esta coluna recebeu poucas frases românticas da literatura brasileira, e sabe-se de muitas. 
Por isso, continuamos aceitando sugestões. Eis as frases recebidas:
1) “...nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração. Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada.”
(Dom Casmurro, Machado de Assis)

2) “Solte as rédeas dos teus olhos”
(Lavoura Arcaica, Raduan Nassar)

3) "Era Ana, era Ana, Pedro, era Ana a minha fome (...) era Ana a minha enfermidade, ela a minha loucura, ela o meu respiro, a minha lâmina, meu arrepio, meu sopro, o assédio impertinente dos meus testículos (...)"
(Lavoura Arcaica, Raduan Nassar)

4) "Amor vem de amor. Digo. Em Diadorim, penso também - mas Diadorim é a minha neblina..." (Grande Sertão Veredas, Guimarães Rosa)

5) "Numa tarde erma e de raros ventos/Enrabei a cabritinha. Acho que ninguém viu".
(Cacaso)

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