Agatha Christie foi levada ao Egito pelo marido, que era arqueólogo
Uma revolução pela literatura egípcia
Por Eugênia Cabral
eugeniamc@gmail.com
@eugeniamcabral
Responda com sinceridade, ao falar em “Egito”, que livro lhe vem à cabeça? Enquanto acompanhavámos a revolução do Egito e essa nova “primavera dos povos” que o mundo árabe vive, lembrei de alguns livros que me fizeram sonhar com aquelas paragens.
Eu lembrei da britânica Agatha Christie vejam só. O segundo marido da escritora era arqueológo e a levou com ele pelo Egito e Oriente Médio para acompanhar escavações. Graças a ele, nós podemos ter livros como “Morte no Nilo” e “Assassinato na Mesopotâmia”. Além disso, ela se aventurou a escrever um policial ambientado no tempo dos faraós em “E no Final a Morte”. Literatura estilo pena para aquela tarde de domingo que você procura um motivo para não sair da cama ou chegar, no máximo, até o sofá.
Temos também o francês Christian Jacq com a vendidíssima série “Ramsés”, que eu nunca li, e o zambiano Wilbur Smith com guerras e romances entre faraós em “O Último Deus do Nilo”, este eu li e recomendo para quem gosta de livros de ação.
Mas fiquei chateada ao extremo quando notei que não conheço um só autor egípcio. NEM UM SÓ. Por mais que tente, não lembro de jamais ter lido algum. Pesquisando, descobri que o único autor árabe a receber um Nobel de Literatura era justamente egípcio e foi agraciado em 1988. Naguib Mahfouz morreu em 2006, aos 94 anos, e foi autor dos livros a “Trilogia do Cairo” (1956-1957), “O Ladrão e os Cães” (1961) e “Miramar” (1967). Pelo que vi, “A Trilogia do Cairo”, formada por “Entre Dois Palácios”, “O Palácio do Desejo” e “Jardim do Passado” é sua obra mais famosa e aqui é publicada pela BestBolso.
O autor é um ótimo ponto de partida para quem quer saber mais sobre literatura egípcia porque ele é conhecido por praticamente ter fundado o gênero do romance naquele país. E sua obra foi revolucionária ao abordar a vida das pessoas nos bairros pobres e burgueses do Cairo da década de 20, ambiente no qual vivia e até então nunca tinha sido retratado na literatura.
Outro nome que saltou, e coincidentemente que tem seu estilo muito comparado ao de Mahfouz, foi o de Alaa Al Aswany. Autor egípcio mais famoso da atualidade, tem sua obra traduzida em português, além de outras 11 línguas. No nosso país, a Companhia da Letras publicou o romance “O Edifício Yacubian” em 2002. A editora pretende publicar em breve um livro de contos dele. Mesmo com todo reconhecimento literário internacional, Al Aswany vive como dentista no Cairo. Formado em odontologia, ele viveu um tempo nos Estados Unidos mas retornou ao Egito onde mora até hoje.
Bom, eu já incluí estes dois autores na minha lista de próximas aquisições. Mas se alguém souber de outros que valem a pena, por favor, compartilhem.
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